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Escrito por José Joaquim

O grande problema do futebol brasileiro é a ausência de um item, a transparência.

Tudo se faz com portões fechados.

Os sócios que são os mais interessados pela situação real de seus clubes são barrados, desde que o baile é para os poucos ungidos.

Se houvesse uma abertura de tudo que se faz nas entidades ligadas ao futebol, certamente a situação não seria essa do momento atual. Uma tragédia financeira.

Se os balancetes fosse publicados pelo menos trimestralmente todos saberiam da realidade e certamente poderiam influir na mudança de rumo.

Na realidade existe um consenso na maioria das entidades ligadas ao futebol  para que a aprovação de suas contas seja por aclamação.

Por conta disso, os débitos dos clubes somaram mais de R$ 5 bilhões entre os vinte e cinco maiores. 

A nossa vivencia no segmento, nos ajuda a explicar de forma simples a razão de tanto açodamento nesse setor.

Com relação aos clubes, as contas são apresentadas ao Conselho Deliberativo, que foi eleito na chapa  da diretoria, quando na verdade deveriam ser aprovadas nas Assembleias Gerais, apenas em folhas de papel, com um pequeno parecer do Conselho Fiscal, indicado pelo executivo, e outro de uma auditoria externa, que é paga pelo clube.

Um verdadeiro prato feito, aprovado por aclamação, sem ressalvas, e sem a apresentação de um único documento. No final deu no que deu, contas aprovadas e clubes quebrados.

Muitas vezes o número de Conselheiros presentes é ínfimo.

No período de 1991 a 1994, o Sport apresentava mensalmente o seu balancete ao Conselho, e o divulgava na imprensa.

Não existia o site.

Nessas reuniões tínhamos o cuidado de levar todas as pastas com os documentos, no caso de algum membro do Conselho solicitasse alguma informação.

Na realidade tal fato jamais aconteceu.

Nas Federações estaduais a farsa é bem montada.

A Assembleia Geral é presidida por um representante de um filiado mais antigo entre os presentes, e esse sem o conhecimento do que está sendo apresentado, conduz a reunião com a colaboração de um membro da diretoria executiva, o que não é permitido.

O número de presentes à reunião não chega a vinte representantes, que aprovam tudo sem nenhuma pergunta, ou explicação. No outro dia ficam coletando as assinaturas de quem não estava no local.

Ou seja, com tais procedimentos assinam um cheque em branco, e assumem a responsabilidade de uma aprovação sem terem visto um simples documento.

Aprovam o que não viram, não sabem da verdadeira realidade, e dão um carimbo cartorial a algo que poderia estar errado, e que passa despercebido por todos.

No Circo do Futebol Brasileiro, o mesmo sistema das Federações se repete, quando aprovam por aclamação, e o efeito nessa entidade é sem duvidas o mais cruel, quando um presidente está preso, e outros dois, inclusive o atual estão denunciados por suspeitas de corrupção.

Como no futuro poderão contestar algo com relação as entidades?

Isso acontece há décadas.

Solicitar documentos é obrigação, e não um sinal de desconfiança de quem quer que seja, e sim uma medida cautelar de não se aprovar o que está errado.

Na verdade se houvesse uma seriedade nessas Assembleias Gerais, os clubes não estariam com problemas financeiros, desde que esses poderiam ser estancados, no caso de um alerta para a insolvência que se aproximava.

Como nada disso acontecia, os débitos foram a cada dia avolumando, e chegaram a um patamar tão alto e sem chances de quitações, que exigiu mais uma vez as benesses governamentais, com o Profut. 

Todos são culpados pelo que aconteceu e pelo que vem acontecendo com o futebol brasileiro, os seus gestores, os sócios, os filiados e com uma grande parcela também para a imprensa que não procurou investigar as razões dos problemas.  

O retrato atual do futebol brasileiro tem muita coisa dessa farsa que sempre é montada para a aprovação de contas.

Ou muda ou morre.

Comentários   

0 #1 RE: APROVANDO O QUE NÃO VIRAMCARLOS ALFREDO 08-01-2018 11:45
JJ: O artigo comprova que o modelo do futebol brasileiro faliu. Embira exista a APFUT, essa não tem condições de analisar a vida de todos os clubes. É mais uma sinecura entre tantas que existem nesse país. Tudo que está escrito é a realidade. As contas são aprovadas sem que um único documento tenha sido analisado. Os resultados estão aí.
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