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Escrito por José Joaquim

O futebol brasileiro acompanha o país em seu momento de Leviatã, o famoso monstro que causava pânico aos navegantes europeus da Idade Média, segundo a mitologia. Atacou em cheio nossa sociedade e por tabela esse esporte, levando a maioria dos clubes a uma fase de desespero por conta das dificuldades financeiras.

As noticias sempre são negativas.

O Corinthians que é um clube grandioso tomando um adiantamento dos direitos de transmissão, no valor de R$ 10 milhões para pagar a sua folha salarial. O Sport está com o pires nas mãos tentando contratar um treinador após três foras nos contatos anteriores. Mais um técnico foi demitido, Rogerio Micale, do Paraná, batendo um recorde mundial com a dança de  um profissional por rodada. Alguns clubes pagam para jogar no Brasileirinho, e os times mistos proliferam. 

Um conjunto que poderia ser mais extenso, e que mostra a atuação do Leviatã. Na verdade tudo isso que vem acontecendo tem como um dos responsáveis, os torcedores dos clubes, que não participam de suas vidas, apenas em seus jogos, para pedirem um novo treinador.

Para o sócio ou torcedor, a agremiação pode dever, atrasar salários, efetuar transações fora dos padrões normais da seriedade, mas se conquistar um título, seja ele qual for, tais fatos são esquecidos. No futebol não adianta uma boa gestão sem uma conquista no campo, tudo de bom que foi realizado não vale nada.

Preferem o Leviatã a um trabalho de longo prazo, como foi realizado pelo Flamengo, cujos dirigentes eram cobrados pela ausência de títulos, esquecendo que os débitos foram reduzidos, após cinco anos o clube está saneado e em excelente situação financeira. As conquistas chegarão.

O torcedor apaixonado é um alienado dentro do processo. Acha normal um salário atrasado, como ouvimos ontem de um seguidor do Sport, de que todos os outros atrasam.

O sistema não pode funcionar dessa maneira, da ruindade geral. Foi esse que levou o futebol ao atual estado.

Com a ausência das cobranças e de uma maior participação critica dos sócios, não estaríamos hoje lutando contra o Leviatã, com clubes prejudicados por gestões temerárias e irresponsáveis.

A legislação determina a transparência, e alguns que levantam o tema, são considerados caçadores do Leviatã e inimigos do clube.

O futebol brasileiro vive um ciclo vicioso. Dirigentes detestando a transparência, sócios/torcedores sem cobranças, e um terceiro bloco com uma imprensa que se preocupa com o namoro de Neymar, e não pelas verdades que existem no entorno desse esporte.

Dificilmente com tal sistema, o Leviatã será caçado.

Escrito por José Joaquim

NOTA 1- A 19ª DANÇA DAS CADEIRAS 

* O futebol brasileiro é muito mais do surreal do que da bola. 

Como explicar a um estrangeiro o que é a dança das cadeiras? Obvio que esse irá pensar que somos humoristas.

Em nenhum país do  mundo, uma competição de futebol com 18 rodadas teve um grande número de técnicos participando da dança. 

Na última rodada três perderam as cadeiras, Claudinei Oliveira, do Sport,  Jorginho, do Vasco da Gama, e na noite de ontem aconteceu a 19ª queda, a de Rogerio Micale, técnico do Paraná, cuja cabeça já estava à premio por um longo tempo.  

A música parou e o profissional dançou.

Aliás Jorginho não pode nem reclamar por ser demitido com apenas 10 jogos, com 4 vitórias, 5 derrotas e 1 empate, aproveitamento de 43,3%, desde que a atitude do Vasco foi igual a de que esse fez com o Ceará, quando em 15 dias pediu para sair por conta de assuntos particulares. Dois dias após estava assinando contrato com o time carioca. Pau que dá em Chico, dá em Francisco.

O número recorde de profissionais que dançaram, mostra a ausência de planejamento dos clubes brasileiros, que procedem de forma açodada e no final o resultado é negativo.

Os clubes que não trocaram de comando nesse período estão bem situados na tabela de classificação.

São Paulo, Flamengo, Internacional, Grêmio, Atlético-MG (cinco primeiros), além do Cruzeiro (8º).

Contra fatos não existem argumentos.

NOTA 2- ONDE ESTÁ A BASE DO SPORT? 

* Um amigo nos questionou no dia de ontem sobre a ausência de jogadores da base do Sport no seu elenco.

A nossa resposta foi simples: ¨O Gato comeu¨.

Trata-se de algo verdadeiro, desde que apenas Neto Moura jogou pouco e com pequenas entradas, nenhum outro atleta formado no clube foi aproveitado.

Enquanto isso, o clube da Ilha do contratou Felipe Bastos, Ferreira, Jean, Leo Ortiz, Deivid, Nonoca, Andrigo, Michel Bastos, Carlos Henrique, Hygor e Rafael Bastos.

Um time completo sem retorno.

O rubro-negro contrata seus jogadores por vídeos, e estava trazendo um meio campista do Moreirense de Portugal, Alan Schons, que está no clube por três anos e até hoje não conseguiu firmar-se. Esse time é um dos mais fracos da primeira divisão portuguesa.

Essa relação reflete que o trabalho de base pouco produziu, e o único fruto acabou de ser negociado com o São Paulo, Everton Felipe.

Enquanto a diretoria contrata jogadores de medianos para baixo, o clube esquece do principal que é sem duvida a sua base, que por sinal não tem muita coisa a oferecer.

NOTA 3- ACORDARAM PARA JESUS

* O jornalismo esportivo do Sudeste enfim acordou com relação ao Internacional, passando a respeitar a sua campanha.

Certamente pensaram que era um cavalo paraguaio e que iria parar no meio do caminho.

Antes do inicio do Brasileirinho, o Colorado era considerado como um time coadjuvante egresso da Série B.

De repente estão se deparando com um time que está na terceira colocação com 35 pontos, distando de apenas três do atual líder, São Paulo. Poderá chegar aos 38 na última rodada, que será sua maior atuação em um turno na era dos pontos corridos.

A campanha do Colorado é invejável, com 83,3% de aproveitamento como mandante, igual a do Flamengo, e 50,03 como visitante, o mesmo percentual do Flamengo e Grêmio.

Nos 10 últimos jogos, em seis não sofreu nenhum gol.

Obvio que o favoritismo está com o Flamengo e São Paulo, mas o Internacional passou a ser respeitado, e ainda leva um handicap na luta por uma melhor classificação, inclusive com condições de sonhar com o título.

Enquanto os rivais jogam em outras competições e poderão passar de 70 partidas na temporada, a equipe gaúcha irá jogar 56 vezes, e enfrentará em casa com o retrospecto extraordinário de mandante, os rivais Palmeiras, Flamengo, Grêmio, São Paulo e Atlético-MG.

São detalhes que devem ser observados.

NOTA 4- OS TRÊS MELHORES CLUBES DA SERIE C FORAM DO GRUPO B

* No final da primeira fase da Série B com dois grupos, os melhores pontuadores se classificaram, fato esse que muitas vezes deixou de acontecer quando a equipe 5ª colocada de um grupo tinha melhor pontuação do que a 4ª do outro, e ficou de fora.

Na realidade o que vale nesse sistema são os quatro melhores de cada um.

Na atual competição, a pontuação geral dos três clubes do Grupo B foram os melhores colocados, enquanto os três últimos foram do Grupo A.

Pontuação final dos clubes classificados na Série C: 

1º- BOTAFOGO- SP- 35 pontos,

2º- Operário- 35,

3º- Cuiabá- 32,

4º-Náutico- 31,

5º- Atlético Acreano- 30,

6º- Bragantino- 29,

7º- Santa Cruz- 28 e,

8º- Botafogo-PB- 26.

No próximo sábado teremos o primeiro jogo do mata-mata, entre o Bragantino e Náutico.

NOTA 5- ENQUANTO ISSO!

* Enquanto fechávamos a postagem do blog novas noticias estavam chegando, e obvio que não poderíamos deixa-las de lado.

Em Maceió, os seguidores do CRB resolveram protestar, invadindo o CT do clube e agredindo os jogadores. Verdadeiros justiceiros.

Uma vergonha que mostra a cara do futebol brasileiro que está mas mãos de marginais travestidos de torcedores.

Protestar faz parte do sistema democrático, mas a violência é coisa para cangaceiros. Por isso que o nosso futebol está morrendo.

Outra noticia que chegou via telefone, foi a renuncia de Homero Lacerda da presidência do Conselho do Sport. Na verdade demorou muito a tomar essa posição, desde que esse órgão protege uma diretoria que está destruindo o clube.

De Santa Catarina chegou algo que mostra o modelo de gestão, no caso do Figueirense, que perdeu uma causa trabalhista para o seu ex-atleta Zé Love, no valor de R$ 1 milhão.

Isso é normal nas agremiações brasileiras, mas nesse caso mostra o descaso do alvinegro catarinense, desde que esse débito era de R$ 500 mil e com um acordo firmado para pagamento em parcelas, mas nenhuma foi quitada. Um prejuízo de R$ 500 mil nas suas contas.

Do Paraguai nos chegou uma noticia grotesca, quando a Conmebol querendo imitar a UEFA resolveu que a decisão da Libertadores de 2019 será em partida única, e numa sede escolhida, muitas vezes bem longe das casas dos disputantes.

A Europa tem seus clubes globais, que podem jogar em qualquer lugar, as distância são mais curtas e não tem o Andes pela frente.

O nosso sistema de dois jogos funciona bem e as emoções ficam para os torcedores dos disputantes.

Finalmente não poderíamos deixar de destacar uma partida de futebol pela Série B, que apesar de ser mais simplória tem nos mostrado bons jogos, e esse que assistimos ontem foi um desses.

Jogaram Brasil de Pelotas e Avaí. O time catarinense saiu à frente. No inicio do segundo tempo a equipe gaúcha perdeu um jogador deixando o adversário com mais um atleta. O Brasil se transformou partiu para o ataque recuando o Avaí que parecia o inverso com 10 jogadores.

No final a bola puniu o visitante, que teve uma chance perdida cara a cara com o goleiro da equipe de Pelotas e chutou para fora. Um minuto após sofria o gol do empate.

A equipe do Rio Grande do Sul parecia que estava com 22 jogadores, tanta a pressão que realizava.

Esse empate teve um sabor de vitória, e confirmou duas coisas: A BOLA PUNE, E O JOGO SÓ ACABA QUANDO TERMINA.

A Serie B é a mais equilibrada de sua história, e boa de ser vista.

Escrito por José Joaquim

NOTA 1- UMA JUNTA GOVERNATIVA NO SPORT

* Não existe solução para o Sport se a atual diretoria permanecer no seu comando. Não temos nada pessoal contra Arnaldo Barros, sequer o conhecemos, mas como gestor fracassou e levou o Leão para a beira do abismo por conta da falta de experiência para ocupar um cargo tão relevante.

Temos uma convicção que o clube poderá livrar-se do rebaixamento, em especial por conta de outros concorrentes que encontram-se também nessa mesma condição. Mas para que isso possa acontecer torna-se necessário uma atitude do dirigente de renunciar o cargo, e entregar o clube a uma Junta composta de pessoas competentes para leva-lo até o final do ano.

Quando lemos as noticias que a diretoria desejava trazer de volta Eduardo Baptista que esteve mal nos últimos clubes em que dirigiu, para substituir Claudinei Oliveira, ficamos certos de que a sua vida será de sofrimento até o encerramento da competição.

Baptista não aceitou tal convite, assim como Jair Ventura e Roger Machado. No desespero tentaram Dunga que deu um não sonoro.

Estão humilhando mais ainda o Velho Leão. 

Uma gestão que se  endividou além da capacidade de pagamento, com atrasos de salários e dos encargos, desovando os seus ativos intangíveis não tem a menor condição de recuperar o clube que está entregue ao Deus dará. Basta entrar em suas dependências.

Em 18 meses de gestão do atual presidente, o novo técnico será o sexto, ou seja três para cada mês de atividade. Em 2017, tivemos Daniel Paulista, Ney Franco e Vanderlei Luxemburgo. Na temporada de 2018, Nelsinho Baptista, Claudinei Oliveira e o terceiro que irá ser contratado. Vamos e venhamos, será que todos estiveram errados, e o comando certo? É obvio que existe um jabuti numa árvore.

Precisamos analisar que se o Sport for rebaixado, deixará de receber em 2019 os valores que eram pagos na Série A, e dai em diante irá rolar com mais intensidade pela ladeira.

Renunciar seria um ato magnânimo que poderia mostrar algum amor ao clube.

NOTA 2- MAIS UMA RODADA DOS MANDANTES

* A 18ª rodada do Brasileirinho mais uma vez confirmou que os times mandantes são donos do pedaço.

Nos 10 jogos realizados os mandantes tiveram 7 vitórias, 2 empates e apenas o São Paulo ganhou como visitante.

O publico total foi de 192.416, com uma média de 19.242 pagantes por jogo.

Mais uma vez o Flamengo levou mais torcedores ao estádio no seu jogo contra o Cruzeiro, com 50.402 pagantes, seguido pelo Palmeiras com 30.010.

Os dois somados deram quase 50% do total. O pior público foi da partida entre Paraná e Botafogo, com 4.831 testemunhas. Foram marcados 23 gols, com uma média de 2,3.

No total, nos 178 jogos que foram realizados, os times mandantes somaram 95 vitórias, aconteceram 52 empates, e apenas 31 vitórias dos visitantes.

O público total do Brasileirinho é de 3.141.037 pagantes, com uma média de 17.646 por jogo, que já é bem melhor do que a do ano anterior.

NOTA 3- OS NÚMEROS DA PREMIER LEAGUE

* A primeira rodada da Premier League teve uma média de público de 38.072 por partida, mantendo assim o nível que acontece desde a temporada de 2014/2015, e que representa 90% da capacidade de todos os seus estádios.

O maior público foi o do jogo entre o Manchester United e Leicester City realizado no Old Trafford, com 74.438 pagantes.

O encontro entre o Liverpool e West Ham, levou ao Anfield 53.235 torcedores, enquanto a partida entre Newcastle e Tottenham somou 61.749 pagantes.

Apenas um jogo ficou abaixo de 20 mil pagantes, o do Bourmemouth e Cardif City, com 10.553, que na verdade representou a capacidade total do seu estádio.

A Premier nunca teve na sua história uma média abaixo de 30 mil pagantes. O seu patamar está sempre nos 39 mil.

Enquanto isso o futebol brasileiro pena para passar dos 17 mil, e ano após ano não consegue o intento. Estagnou.

Um futebol organizado, com horários certos, sem antecipação ou adiamento de datas, sem times alternativos, é o somatório que faz a Liga Inglesa a maior do mundo.

O nosso país faz parte da ala dos Napoleões Retintos, do Bloco do Sanatório Geral.

Uma verdadeira casa da Mãe Joana onde todos metem a colher.

NOTA 4- O SPORT É O SEGUNDO CLUBE COM MAIS CHANCES DE REBAIXAMENTO

* Como o Brasileirinho está chegando aos 50% de seus jogos, pela primeira vez fizemos uma simulação tanto para a parte de cima na busca pelo título, como no grupo contra o rebaixamento.

A grande surpresa é que os números apontaram doze clubes que podem ser degolados, e apenas seis com condições de sonhar com o troféu de campeão.

Na parte de cima, São Paulo e Flamengo estão empatados com 40% de chances.

A seguir:

Grêmio com 13%,

Internacional com 13%,

Palmeiras e Atlético-MG com 5%.

Os dois últimos tem uma diferença de 8 pontos para o primeiro colocado. Não consideramos tanto o Corinthians como o Cruzeiro, cujos percentuais foram inexpressivos.

No tocante ao rebaixamento, o PARANÁ tem 98% de chances de ser degolado.

A seguir: 

SPORT- 60%,

CEARÁ- 58%,

VITÓRIA- 58%,

AMÉRICA-MG- 28%,

ATLÉTICO-PR- 21%,

BOTAFOGO- 20%,

SANTOS- 20%,

VASCO- 19%,

CHAPECOENSE- 17%, 

BAHIA- 17% e,

FLUMINENSE- 9%.

Algo inédito nessa competição.

NOTA 5- A PREVISIBILIDADE DAS LIGAS EUROPEIAS

* Enquanto no Brasil pelo menos três clubes sonham com o título do Brasileirinho, nas maiores Ligas da Europa a previsibilidade aponta um favorito para tal conquista, e todos com repetição.

Na Premier League, o Manchester City deverá repetir a temporada de 2017/2018.

Na Itália sem nenhuma duvida quem irá chegar no topo é a Juventus.

Na Espanha a luta será com os mesmos personagens, Barcelona e Real Madrid.

Na França já está determinado mais uma vez a vitória do Paris Saint Germain e, na Alemanha o Bayern de Munique.

Apesar dessa previsibilidade o torcedor da Europa acompanha o seu clube, e os estádios ficam lotados.

Não são aficionados por conta da consagração. As comemorações pelas classificações para as grandes Copas são festejadas.

No Brasil se não for campeão, o vice não vale nada.

NOTA 6- PODE ISSO ARNALDO?

* De acordo com o site do JOTA, Raquel Dodge afirmou ao STF, que informações vindas da Suíça justificam o avanço de investigações contra Ronaldo Cezar Coelho, seu irmão Arnaldo Cezar Coelho, e mais duas pessoas.

O MPF quer analisar as diversas movimentações de quatro empresas ¨possivelmente usadas para a movimentação de valores ilícitos¨ com dados até 2013/2014.

Não há detalhes sobre quais dados se referem aos irmãos Cezar Coelho.

PODE ISSO ARNALDO?

NOTA 7- O COME QUIETO ATROPELOU O FLUMINENSE

* No encerramento da 18ª rodada, o Internacional atropelou o time do Fluminense pelo placar de 3x0.

O Colorado é fulminante no seu sistema de jogo ao esperar o erro do adversário. Aconteceu por três vezes e foram três bolas nas redes do tricolor.

Na realidade o placar foi muito exagerado por conta do futebol do time carioca. O goleiro Marcelo Lomba da equipe gaúcha fez alguns milagres, contando ainda com a trave que segurou duas bolas.

O jogo parecia com uma corrida de Fórmula 1, pela velocidade dos dois times.

O Fluminense foi castigado por sua defesa, e o Internacional que a cada jogo melhora, aproveitou-se bem.

Com essa vitória voltou a 3ª colocação na tabela de classificação.

Aconselhamos os nossos ¨analistas¨ a estudarem o ¨Come Quieto¨ do Brasileirinho que irá jogar no returno em casa contra os principais rivais. 

Escrito por José Joaquim

Existem alguns segmentos que não entenderam a transformação do mundo que de redondo tornou-se plano. Esqueceram-se de avisa-los, e o futebol brasileiro é um desses.

Os clubes tiveram de se estruturar como as multinacionais. Apesar disso, ainda há clubes que são administrados de forma amadora, em especial no Brasil que ainda vive no antigo mundo. Hoje na Europa os clubes de futebol profissional pelo menos a grande maioria deles, não são associações esportivas de bairro, mas multinacionais que necessitam ser geridas como tais.

Os jogos que são realizados no Velho Continente repercutem em todo o mundo. As grandes Ligas americanas são tão assistidas como os campeonatos locais. Grandes eventos são vistos por milhões de pessoas.

O futebol brasileiro não assimilou tais mudanças, permanecendo em seu mundo interno como uma reserva de mercado, e hoje sente o abalo dessa concorrência. No dia de ontem ouvimos falar mais da Premier League do que os jogos dos clubes locais.

Na realidade esse esporte ficou apenas para torcedores acomodados, que não reagem aos acontecimentos, e que para esses uma simples contratação, um joguinho aqui, outro ali, com vitórias de seus times, representa o máximo que almejam, embora os seus clubes estejam à beira do abismo. Acreditam em Papai Noel, no que a imprensa repercute, de que é dito pelos seus cartolas.

O atleta do século XXI é globalizado, e tem pouca afinidade com o clube que defende, pois hoje está nesse, como amanhã vestirá a camisa de outro, inclusive um rival local. O seu relacionamento é igual a uma mercadoria de uma loja.

Enquanto o mundo promove competições visando lucros, no Brasil permanece ainda o romantismo, e o estadual é um exemplo. Ainda não perceberam que esse findou, e hoje quem determina a realidade é o mercado.

O jogador tornou-se uma mercadoria que é negociada para o mundo globalizado e numa característica diferenciada por ser uma profissão que sofre poucas restrições. Bem diferente de outras que enfrentam barreiras no exterior.

No planeta Brasil, esse produto em uma grande parte não pertence aos clubes, e sim aos empresários, que lucram com as negociações realizadas.

Os nossos dirigentes não enxergaram que o mundo transformou-se, tornou-se uno, ligado pela internet, e não organizaram as suas agremiações para atender um novo mercado aberto, continuando no século anterior, ainda na época das cadernetas das antigas vendas de bairros, e onde as paixões superam os interesses comerciais e globais.

O futebol brasileiro tem a sua demanda estagnada. A população aumentou e o número de torcedores não acompanhou o crescimento, pelo contrário reduziu-se, quando os que não gostam do futebol já chegaram a 28% na população de mais de 16 anos. Cansaram e partiram para outras formas de lazer.

A globalização afetou também na parte interna, em especial na concentração de renda, que se localizou em determinadas regiões, incrementando o abismo que separa os clubes, que sentiram o impacto quando perderam o poder de competitividade.

A rotação do eixo do futebol mudou, mas no Brasil ainda continua no antigo, rodando do nada para o nada, com dirigentes e torcedores desfocados e alienados com relação a tais mudanças.

Isso sem duvida é mais um dos pontos que não foram detectados, e que influenciaram na queda desse esporte no país.

Escrito por José Joaquim

Ouvimos ontem uma frase de um torcedor assíduo nos estádios de futebol, que nos inspirou esse artigo, quando esse analisou a queda de sua qualidade, mas continuava a frequentar os estádios.

Comparou-se como um marido traído, fingindo que o culpado é o sofá e não a sua mulher.

O interessante é que a frase cabe bem ao atual momento do esporte da chuteira nacional, que espanta o consumidor pelo que apresenta, e para o torcedor mesmo flagrando a traição, ele não abandona o seu caso de amor, que é o clube, que o relega durante toda a temporada.

O torcedor tem um Estatuto com o seu nome, e não é cumprido na sua quase totalidade dos artigos. De maneira tranquila, nada reclama, e continua frequentando os estádios, movido à paixão pelas suas cores.

Quer mais traição do que a falta de transparência dos clubes, que guardam as suas contas em cofres fortes?

Quer maior traição do que os horários indecentes das partidas, em especial as noturnas, quando chega em casa de madrugada, e tem que sair no mesmo dia para o trabalho?

O afável torcedor não protesta e cumpre o seu ritual de frequência aos estádios. Mesmo sendo traído pelos cartolas, esse continua participando dos eventos noturnos.

Traição maior do que a de presenciar o seu clube jogar em outras praças, mesmo como mandante, por conta de interesses financeiros, certamente não existe.

Ele lamenta, mas não grita contra mais um golpe, e ainda repete as falas dos seus cartolas de que existe a necessidade de se expandir a sua marca.

De traição em traição vai vivendo o nosso personagem, como o marido traído em um momento de uma nova lua de mel com a sua mulher, e esse com o seu clube.

Na verdade o torcedor não se importa com os maus tratos realizados pelos cartolas arrogantes, que só olham para seus umbigos e esquecem o mais importante para o clube, que é a sua presença, mas esse relega na busca de um momento melhor para o time.

Nada o faz modificar os seus procedimentos.

As traições são apagadas com a vitória do seu clube.

Um gol apaga qualquer sentimento que tenha, inclusive aqueles  que acontecem fora do gramado ao assistirem aos programas esportivos nos canais de televisão, que os tratam como um pobre imbecil, ou mesmo um inocente marido traído.

Essa é a saga de um torcedor menosprezado pelo seu clube, que continua a ter uma relação muito mansa com esse, comparando-se ao marido que foi vitima de uma traição, que vive mansamente com a mulher.

O que vale no futebol é o gol e a vitória do time, mesmo as custas de traições e sofrimentos.

O futebol representa muito bem as novelas da Globo que ensinam tudo que não presta, mas os espectadores continuam assistindo-as.

O Brasil é um país ¨merdalheiro¨, em que tudo pode acontecer.