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Escrito por José Joaquim

Quando debatemos com os nossos amigos visitantes a decadência do futebol Nordestino, que abandonou as suas raízes e transformou-se em um moribundo numa UTI à espera da Caetana, como bem escrevia  Ariano Suassuna, o fazemos pelo conhecimento que temos de outras épocas quando tínhamos o respeito de todo o país, com clubes fortes e atletas da própria região.

Fomos um celeiro de jogadores, formados em times do Maranhão até a Bahia, e muitos sendo cooptados pelo futebol do Sudeste.

Possuímos um bom arquivo, que nos ajuda a relembrar os fatos, e que serve para abastecer as postagens de artigos sobre os diversos temas.

Para mostrarmos um exemplo plausível de como era o futebol de Pernambuco, escolhemos um ano mais distante, o de 1963, quando o Náutico conquistou o primeiro título dos seis que fariam o seu Hexa.

Poderíamos apresentar outros times em décadas posteriores, mas esse exemplo sem duvida poderá comprovar o excelente trabalho de base que era realizado pelos clubes de Pernambuco.

O calendário não era insano, não havia os campeonatos nacionais, e os jogadores rendiam durante toda a competição.

O alvirrubro utilizou em todos os jogos 20 jogadores, quando hoje os elencos necessitam de pelo menos três times, incrementando os custos das agremiações.

A repetição da equipe a tornava mais conhecida do torcedor: Nado, Bita, Nino ou China e Rinaldo, e em algumas partidas com Lala, era um ataque arrasador, e que encantava a todos que gostavam do futebol independente de cores (os três primeiros tinham subido dos juvenis).

No meio de campo, setor importante que jogava com dois jogadores, contando com a ajuda do ponta esquerda, tinha Salomão e Ivan e, na defesa, o goleiro era Lula que substituiu Waldemar no inicio da competição, e os quatro defensores, com Gernan, Zequinha, Gilson e Clóvis, todos oriundos da região, e que fazia do Náutico, com exceção de Ivan que veio do juvenil do Palmeiras, um time Nordestino.

Trata-se de uma realidade e que faz parte da história de nosso futebol, e que motiva uma pergunta: Qual a razão do futebol de Pernambuco ter abandonado as suas origens, tanto local como Nordestina, para entregar-se a um modelo de importações equivocadas e sem retorno nos seus investimentos?

O Náutico foi um grande exemplo de trabalho de base na época de 60, depois seguido pelo Santa Cruz na de 70 e do Sport em 90, quando todos faziam uma excelente formação, conseguindo formatar times que eram respeitados no futebol brasileiro.

Hoje não temos mais nada. Resta um pequeno trabalho no Sport, e um quase nada nos demais clubes, e todos estão entregues as importações de atletas sem futuro, muitos em fim de carreira, que encontram guarida em uma terra que abandonou o futebol de verdade, entregando-se a mediocridade.

Não se trata de uma sessão de saudosismo, e sim de alerta para um fato que existiu e desapareceu, muito embora as condições atuais sejam mais propícias para um trabalho de base do que os de épocas anteriores.

A diferença é que tínhamos dirigentes, e hoje temos amadores, cuja alegria é uma foto de uma coletiva apresentando um novo jogador contratado, que muitas vezes vem apenas inflar a folha salarial.

Éramos felizes e não sabíamos.

Tínhamos craques formados em casa. Hoje um abandono total.

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