Nos finais de semana a televisão apresenta um cardápio futebolístico para atender a todos os gostos. A oferta vai dos clássicos de alguns países europeus, onde o nível técnico é excelente, a pobreza dos campeonatos estaduais e das copas regionais, onde constatamos que estamos no fundo do poço.
Numa análise rápida da grade, abdiquei dos bons confrontos que aconteceram na Europa, e foram mostrados ao vivo, para ver as partidas da Copa do Nordeste, nas quais estavam envolvidos clubes pernambucanos.
Bom! Como eu ia fazer uma incursão pela ¨Champions League¨, como é chamada por alguns, apelido que considero pejorativo, embora muita gente ache carinhoso, me preparei para viajar no ¨Expresso Caboclinho¨, com direito a paradas na Arena Pernambuco, para ver a vitória do Náutico sobre o Bahia (1x0); no Estádio Rei Pelé, em Maceió, onde o Santa Cruz empatou (1x1) com o CRB, e no Estádio Cornélio de Barros onde o Salgueiro empatou sem gols, com o CSA, num jogo onde as mariposas roubaram a cena.
O ¨Expresso Caboclinho¨, é o retrato fiel do atraso, mas é possível encontrar algumas unidades trafegando na zona rural por esse Nordeste afora. Os narradores do EI se esguelavam na tentativa de vender um produto cuja qualidade técnica é drástica.
¨Existe vontade no time do Náutico¨, pondera o torcedor alvirrubro que há 14 anos não vibra com nenhuma conquista do seu clube. Verdade. Os comandados de Roberto Fernandes jogam com vontade. Mas este é um comportamento fácil de se observar nas boas peladas.
O Santa Cruz foi a Maceió e empatou com o CRB, resultado que deixou o Tricolor do Arruda na condição de líder do Grupo A. Mas o futebol apresentado pelo líder foi da pior qualidade, somente sendo superado pelo que vimos na queda de braço entre o Globo e Ferroviário/CE, onde o time de casa venceu por 1x0.
Apesar da poltrona confortável, a viagem no ¨Expresso Caboclinho¨ estava cansativa, mas eu precisava concluir aquela prova de resistência para chegar às conclusões sobre a Copa do Nordeste, cujas empresas de comunicação envolvidas na divulgação falam maravilhas, quando na realidade é um produto de péssima qualidade. O jogo do Salgueiro com o CSA, no Sertão pernambucano, parecia uma coisa surreal com a invasão das mariposas que buscavam o calor dos refletores.
O humorista Zé Lezin, assegura que, ¨uma das melhores coisas da vida é mangar dos outros¨. Pois bem! Sentado na poltrona vendo os jogos pela janela do ¨Expresso Caboclinho¨, de onde deu para acompanhar três confrontos pela Copa do Nordeste que se encerra nesta segunda-feira me surpreendi rindo em várias oportunidades. Na verdade acho que estava mangando da conjuntura de uma competição que não atrai o público em virtude do baixo nível técnico. É a realidade do futebol nordestino.
O mestre Ariano Suassuna, dizia ¨que só não se pode mangar de uma pessoa na frente dela¨. No ¨Expresso Caboclinho¨ manguei muito do que estava vendo. Mas não foi na frente de ninguém.
Como disse, a televisão tem oferta para todos os gostos. Na terça-feira estaremos nos deliciando com a Champions League.
NOTA DO BLOG
Claudemir Gomes é sem duvida um dos últimos dos moicanos do jornalismo esportivo de Pernambuco, por conta dos seus bons textos e sobretudo pelo conhecimento profundo que tem do futebol.
Tínhamos preparado uma postagem para hoje, mas após lermos esse artigo que retrata a realidade que sempre debatemos com os nossos visitantes, mesmo sem o pedido de autorização resolvemos publica-lo, para que os nossos visitantes possam se deliciar com algo tão bem pensado.
Comentários
0#3RE: O EXPRESSO CABOCLINHO —
RUBRO-NEGRO13-03-2018 14:45
JJ: Acompanho Claudemir Gomes há muito tempo, quando esse era do Diário de Pernambuco. Quando estive na Diretoria do Sport como seu companheiro, muitas vezes conversei com esse. Você tem razão é um dos últimos dos moicanos do nosso jornalismo.
0#1RE: O EXPRESSO CABOCLINHO —
ANTONIO CORREIA13-03-2018 11:07
JJ: Excelente você postar esse artigo de Claudemir que completa tudo que esse blog debate conosco sobre o futebol brasileiro. O Expresso Caboclinho era as chamadas sopas que transportavam as pessoas do interior para a capital.
Comentários
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