Minha última coluna para o Lance tratou da gestão individualizada do futebol brasileiro, onde cada um apenas olha para seu próprio umbigo. Ao final do texto mostrei que entre os tantos problemas que essa desunião causa, está a total falta de promoção e divulgação do Campeonato Brasileiro.
Como não temos uma Liga, esse trabalho de marketing deve ser realizado pela CBF, e pelos próprios clubes. Essa falta de união coletiva nos apequena.
Este meu artigo repercutiu muito nas redes sociais e muitas pessoas apoiaram o que escrevi. E muitos foram além, dizendo que embora a Série A não conte com qualquer divulgação oficial, o SPORT TV estava ¨bombando¨, com a divulgação de seu Fantasy Game, o Cartola FC.
A partir dai fiquei pensando nessa afirmação, fui pesquisar e cheguei à seguinte conclusão: Pela falta de um trabalho de marketing dos clubes e da CBF, o Cartola FC da Globo, tem mais apelo do que a nossa principal competição.
Uma loucura! Alguém consegue imaginar isso ocorrendo na NFL, NBA ou Premier League?
Sem duvida o crescimento das Fantasy Games é uma realidade em todas as partes do planeta, inclusive é uma ótima ferramenta criada pelas ligas e veículos de comunicação para alavancar o interesse e o engajamento dos fãs. Está comprovado que o Fantasy ajuda a toda a indústria.
A Globo já conta com 5,5 milhões de usuários ativos na versão gratuita. Esse número é infinitamente superior ao de pessoas que frequentam os estádios brasileiros.
Segundo dados de público de 2017, a Série A contou com cerca de 6 milhões de torcedores nos estádios, sendo que boa parte deles são sempre os mesmos. Isso significa que muito mais gente se envolve com o game, do que realmente vive a competição in loco.
Na versão Pro do Cartola (que é paga) já são mais de R$ 10 milhões de reais gerados por ano pela emissora. E os prêmios pagos para os participantes chegam a R$ 500 mil. Um ótimo negócio que vai crescer muito. Sem falar na exposição das marcas que é obrigatório para participar do jogo.
A Globo está fazendo o papel dela, quem não entende nada do que está acontecendo são os clubes. O que a Globo fatura com a versão paga, já é maior do que qualquer clube grande do Brasil gera com licenciamento de marca.
O mercado de Fantasy Game é bilionário. São mais de 60 milhões de usuários em jogos desse tipo e o faturamento supera US$ 7 bilhões anuais.
Assim, essa comparação do trabalho que a Globo vem fazendo com o Cartola FC e o ¨não trabalho¨realizado pelos times brasileiros e CBF apenas mostra que a falta de união dos clubes é o nosso maior problema.
Se tivéssemos uma Liga, ou pelo menos uma entidade que defendesse os interesses coletivos dos times, bilhões de reais novos poderiam ser ingressados por eles em várias frentes.
A falta de conhecimento os dirigentes do que está acontecendo no mundo dos esportes e a ausência de um bom trabalho de marketing conseguiu criar um fato único no esporte mundial.
Somos a única nação que o Fantasy Game é maior em termos mercadológicos e de engajamento que a competição em si.
Segundo dados da Sports Trade Association, em 2007 o mercado de Fantasy Games representava um contigente de 19 milhões de pessoas, número que saltou para 29 milhões em em 2008.
Há uma década o faturamento do setor era de US$ 800 milhões, valor que passou para US$ 1,7 bilhão em 2012, e atingiu USS 7 bilhões em 2017.
Segundo dados do FSTA, nos EUA atualmente 30% dos usuários participam de versões pagas como o Cartola FC.
Enquanto os nossos clubes estão desunidos e apoiam tudo que a CBF decide, mesmo que seja contra seus interesses comerciais, muito dinheiro fica pelo caminho.
* Amir Somoggi é administrador de empresas e especializado em gestão esportiva.
Comentários
0#2RE: O CARTOLA FC EMPOLGA MAIS QUE A SÉRIE A —
ANTONIO CORREIA24-04-2018 21:26
JJ: Você escolhe bem os textos de terceiros para a postagem no blog. Amir é um estudioso no assunto e competente, e o que ele analisou é algo que passa despercebido por todos.
0#1Desgraça é a União —
Beto Castro24-04-2018 13:45
Analisar o futebol sob a perspectiva de apenas doze tribos de quatro cidades termina sempre neste viés de imitação dos países estrangeiros. O maior crime jamais cometido contra o futebol brasileiro foi exatamente a união famosa dos treze que criou o câncer terminal das seis gangues da Rede Golpe. Esta liga criada em 1987 tinha exatamente o nome de União, a qual foi detonada pelo chefe do Pavilhão Nove e pelo Pinto da Serpente. Esta imbecilidade do Cartola apenas tira renda que já existe em valores muito maiores em troca de alguns trocados insignificantes para o Camelódromo Monopolista, além de alienar os torcedores potenciais. O Brasil não é um nanico europeu, mas equivale a toda comunidade europeia e tem que ser planejado no seu futebol numa perspectiva grandiosa. Somente o fortalecimento das Entidades federativas de cada Estado e consequentemente o futebol de seus clubes pode gerar os R$ bilhões que estão a disposição do mercado. Portanto, a desgraça é exatamente a união que gerou a desunião para o reino da podridão. Cada federação já é uma união e juntas compõem um união 27 vezes maior. Os projetos que podem gerar montanhas de dinheiro, não são essas invencionices midiáticas, mas aqueles que podem gerar centenas de magnatas capitalistas e as suas entidades de classes fortes e atuantes. Estas sim são as verdadeiras parcelas da União Federal Brasileira e não os golpes contumazes de cinco ou seis famílias que desejam doar os ativos da Nação Colônia com as respectivas ciências e tecnologias implícitas.
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