Assistimos no final de semana o jogo entre Hull City vs Manchester United, times de portes bem diferenciados, mas que realizaram uma partida emocionante e decidida aos 48 minutos do segundo tempo de forma favorável ao time de José Mourinho.
Estádio lotado, bem disputado mesmo com a diferença de forças, o que demonstra de forma clara a papel da distribuição dos recursos dos direitos de transmissão que possibilita um clube menor a ter um elenco com condições de uma boa participação.
O problema brasileiro é que o seu futebol tem uma dona, a Rede Globo, que ao comprar os direitos de transmissão toma conta do pedaço e manda no calendário, muda datas e horários dos jogos, e mata os clubes menores com uma esmola se comparada com os recursos distribuídos para os maiores.
Sem um maior equilíbrio a tendência é que a competição seja invertida, quando a maior disputa se reflete na parte da luta contra a degola. O público reduz e hoje três clubes representam 60% do total de pagantes do atual campeonato.
Não existe nada mais perverso do que o monopólio, e o futebol decadente do nosso país é um reflexo de tal fato. No futebol inglês três grandes empresas de comunicação dividem os direitos de televisionamento. Sky Sports (canal pago), BT Sports (pago) e BBC (canal aberto). Os direitos diferem na veiculação dos eventos.
A partilha das receitas tem um modelo bem democrático. 50% é dividido igualmente, 25% por colocação e 25% por audiência. Bem diferente do que acontece no Brasil, todas as partidas transmitidas são efetuadas de forma nacional, ou seja para todo o país, enquanto a Globo veicula apenas as partidas dos times do Rio e São Paulo, colocando uma regional a cada rodada. Tal fato representa uma quebra de visibilidade dos demais clubes.
Na realidade a cartolagem brasileira por conta das dificuldades dos seus clubes aceitam de forma silenciosa um crime que é cometido contra o futebol. Antecipações de receitas tornaram-se importantes para a cobertura dos rombos financeiros, no sistema de se cobrir um santo e descobrir um outro.
Um dos fatores da decadência do futebol nacional, além das gestões amadoras e apaixonadas é sem dúvida o modelo adotado para a distribuição de receitas. Na verdade com maiores recursos os clubes poderiam se formatar com maior qualidade e motivar os seus torcedores, que hoje apenas são meros figurantes no processo autofágico instalado.
Para os que fazem o nosso esporte da chuteira, os ingleses não devem ter inteligência na sua formatação, e que nós somos espertos por mantermos um sistema apodrecido, inclusive no processo dos direitos de transmissão, mas a verdade é bem diferente, a Premier League faz o melhor campeonato do mundo, e o nosso é a própria representação do que chamamos de mequetrefe, embora o jornalismo Pokemon enalteça a pobreza técnica que reduz o público, por uma questão de sobrevivência.
Por conta disso o Equador é um adversário perigoso, quando em outras épocas teriamos uma goleada. Sinais de um novo tempo.