Com poucas exceções, o moderno jogador de futebol é pré-fabricado.
Hoje além de jogar bola que é a sua profissão, esse conta, com uma assessoria diversificada que vai do vestir, do corte do cabelo até os fakes pelas redes sociais. As suas coloridas cuecas e namoradas são festejadas.
De repente, um jogador de nível mediano, que faz um gol bonito, é considerado como craque, desde que o marketing já o elegeu e colocou nas cabeças dos jornalistas esportivos, que o divulga para os torcedores.
Em nosso país não temos craques, apenas algumas promessas que estão sendo apresentadas. O ultimo que tínhamos foi Neymar que se bandeou para a Europa.
Na realidade sabemos que a força das mídias é tão grande que cria novos costumes e até mesmo quem é craque. Isso também acontece em outros segmentos. Um cantor lança uma nova música, a qual faz sucesso, e esse se transforma em celebridade. Hoje se escreve um livro mequetrefe, já é escritor e candidato às Academias de Letras que proliferam no país.
Quando assistimos os programas esportivos dos diversos canais, um gol diferenciado, ou uma jogada com mais qualidade transforma o jogador, que pula de status mediano para craque.
Existe uma forma correta para definir as qualidades que um atleta tem que apresentar para que seja considerado como acima da média.
O verdadeiro craque antevê a jogada. Quando a bola chega aos seus pés, já sabe-se o que e como se faz, possui habilidade técnica para executar lances inesperados, incomuns. É aquele que pensa antes do que o adversário.
Quantos jogadores que atuam no Brasil tem essas virtudes? Os amigos irão quebrar a cabeça procurando um como uma agulha no palheiro.
Voltando ao tempo, sem contarmos com a era de Pelé, Garrincha, Nilton Santos, Gerson, Tostão, Dirceu Lopes, Rivelino, e tantos outros que existiam em grande quantidade, além de Zico na década de 80, a partir de 1990 a safra foi reduzida, com destaques para Rivaldo e Romário, e nada mais.
Hoje se confunde o craque com o artilheiro que faz gol. Uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa. O craque também faz gol, mas no seu cardápio tem algo mais de qualidade.
Iniesta foi um exemplo, fez poucos gols, mas para muitos ficou entre os três melhores jogadores do mundo.
Craque foi Pelé que continua insubstituível até hoje. Craque é Messi nestes últimos anos. O que eles tem em comum? São geniais, criativos, habilidosos, armadores, dribladores e também fazem gols.
Na verdade a pobreza franciscana do futebol nacional, criou a necessidade da busca por um craque para que possa alavanca-lo e levar torcedores aos estádios, mas esse não pode ser formatado em agências de marketing, ou nas pranchetas dos jornalistas.
O craque já nasce craque, e há mais de 20 anos poucos são aqueles que estão nascendo em nosso país.
Comentários
0#1RE: A BANALIZAÇÁO DO CRAQUE —
ANTONOO CORREIA23-10-2018 12:18
JJ: Esse texto foi uma boa escolha. Mostra uma realidade. O craque de hoje é produzido pelos fakes e não pelo que apresenta no gramado. Só uma pergunta sobre o tema: Qual o craque do atual Brasileiro?
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