O Bloco das Ilusões é um patrimônio do nosso Carnaval, que deve ser perpetuado.
No futebol pernambucano também existe um bloco com esse nome, representado pelos clubes do interior que disputam o seu maior Campeonato, e que no inverso do primeiro não deveria continuar.
Sonhar é um direito, mas se iludir com o sonho é um devaneio.
Tais palavras devem ser aplicadas no esporte da chuteira local, que é caracterizado pela falta de objetivo na maioria dos clubes profissionais, principalmente os do interior do estado.
Durante anos estivemos analisando a razão da existência de agremiações apenas para uma competição na temporada, motivada pela imbecilidade de um Calendário que no seu contexto geral, não visa o futebol nacional ao deixar mais de 500 clubes ao relento por vários meses.
Exemplificando para um melhor entendimento, vamos narrar a saga daqueles que irão disputar a primeira divisão local.
A competição começa em janeiro, sem obedecer inclusive a pré-temporada determinada pelo Circo do Futebol, motivando a necessidade de uma preparação antecipada. Contratam a comissão técnica e jogadores. Estes tem custos de registros e transferências. O material tem que ser comprado para os treinamentos, além de outras atividades de um Departamento de Futebol.
Logicamente deveria ter uma disponibilidade no seu orçamento, que na verdade não existe, para a cobertura de tais custos. Compram fiado com a garantia de um dirigente.
Esses não tem atletas com contratos, não tem uma divisão de base, desde que não fazem um trabalho de formação. Contratam no mínimo 25 jogadores para o início da competição. Sem receitas, sem sócios, vivem em alguns casos de verbas das edilidades, que estão passando por serias dificuldades, e muitas vezes ao mudarem de comando as torneiras começam a secar. Os bolsos dos cartolas cobrem as despesas.
Não tem receitas de bilheterias, e recebem uma migalha da TV, um bombom para enganar. Antes de começarem a competição já tem o compromisso de quitar uma folha salarial. Os jogos não tem receitas de bilheterias, só prejuízos que terão que ter a cobertura.
No final, sem caixa, porque as receitas pouco deram para o pagamento dos custos. O mais grave é que os contratos com os atletas são de curto prazo, e mesmo aqueles que chamarem a atenção estarão de braços dados com seus empresários na busca de outros destinos.
Três desses clubes se classificarão para a segunda etapa da competição, e irão enfrentar alguns dos grandes com uma melhor receita nas suas bilheterias, mas que são pequenas por conta das capacidades dos estádios. Uma lama que pouco dá para a cobertura do rombo.
Aqueles que não se classificarem para uma competição nacional, fecham as portas até o final do ano quando a saga recomeça.
Que futebol é esse que dá às costas a mais de 500 clubes, que poderiam jogar durante os 10 meses do ano? Que imprensa é essa que não faz a cobrança para um melhor calendário?
São detalhes que mostram a vida real do nosso futebol, que continua vivendo de mentiras e ilusões.
Comentários
0#1Sistema bem azeitado —
Beto Castro12-11-2016 22:16
Este artigo sintetiza o retrato do aterro sanitário dos carapirás que vivem de catar migalhas nos lixões num disputa frenética com os urubus. Federações dependentes de mesadas e propinas aos seus centuriões lagartixas e sem qualquer autonomia para organizar o seu futebol. Desde 1986 quando o imperador Nabisco organizou o golpe turco que a situação deprimente é esta. E não adianta a justiça indiciar e a polícia emitir ordens de prisões para malfeitores do bando. A organização mafiosa liderada pelo monopólio da Brabuda que irriga os bolsos dos conspiradores contra a instituição moribunda tem azeite de sobra para o banquete enviesado. Os intermediários dos pixulecos (Plaquetários e capitães do mato leões de chácara) suprem a Iôiôlândia centuriônica com o pixuleco fácil da infâmia, enquanto os escribas do sim senhor amém jogam conversa fora. Veja que a pirâmide da esculhambação começa no vértice com os faraós da mídia golpista-monopolista, passa pelos procurados da Casa Funerária no segundo batente, as doze tribos sírias no terceiro, os centuriões flácidos no quarto e na sequência os vassalos formam as três últimas camadas da entrada do túmulo. Os construtores e carregadores de pedras para a construção do "Monumento" à farsa, à incompetência, à intolerância, à teimosia insana e ao desperdício completam o quadro de morbidez tétrica. A ordem para exterminar os Mamutes pré-históricos vem dos homens das cavernas comedores de bola (comebolas). Agora os elefantes-descendentes que vagam pela caatinga ressequida, pela floresta chuvosa e pelo cerrado do pó de serra encontram-se em extinção.
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