TARCISO, que foi um dos maiores pontas da história do futebol brasileiro, era chamado de ¨Flecha Negra¨ por conta da velocidade e sobretudo pela habilidade. Além disso era artilheiro, com 226 gols jogando pelo Grêmio, faleceu na noite de ontem vítima de um tumor ósseo.
Foi o jogador que vestiu mais vezes a camisa gremista, no total de 721 jogos. Campeão da Libertadores e Mundial em 1983.
Assistimos alguns dos jogos desse ponta fenomenal, cuja posição infelizmente desapareceu do nosso futebol. Dudu poderia ser o jogador dessa setor, mas tornou-se um meia atacante.
No final da semana vimos um gol de Arjer Robben, do Bayern de Munique numa jogada de um verdadeiro ponta direita, saindo na velocidade, driblando a defesa adversária e finalizando com um chute que deve ter furado a rede. Um fato como esse nos fez lembrar da suma importância desses especialistas que fazem o futebol mais bonito.
Há algum tempo lemos um livro do falecido jornalista Sergio (Arapuã) de Andrade, que foi colunista de diversos jornais, e que retrata a extinção dos pontas no Brasil. O título já desperta a atenção: ¨O futebol dos imbecis, e os imbecis do futebol¨, e em um capítulo com o nome de ¨A risada de um futebol sem graça¨ trata desse tema.
Nesse texto Arapuã critica a nova forma de se jogar no Brasil com a morte dos pontas. Citou pontas que eram pontas e sabiam jogar na posição, e fez uma pergunta pertinente: Em que lugar do gramado estariam jogando hoje Garrincha, Julinho, Tesourinha, Friaça, Telê, Claudio, Luizinho, Chico, Petesko, Canhoteiro, Pepe e tantos outros?
A resposta foi igual ao que sempre estamos discutindo em nossos artigos: ¨estariam fora do time pelo critério do ecletismo, isto é, se joga na ponta e também atrás do zagueiro lateral¨.
Observamos na crítica feita pelo jornalista, algo que se tornou imutável no futebol tupiniquim, ou seja, como ele bem retratou, só temos dois ponteiros em campo, quando o árbitro entra com dois cronômetros.
O livro foi publicado em 2002, com 16 anos de existência, e a ignorância de tais procedimentos continua, e com uma gravidade de que os comentaristas já se amoldaram ao sistema e não verificam que temos um futebol preso nas laterais do campo, com uma mesmice patológica. Até nas divisões de base, a fórmula é repetida.
Os ponteiros foram substituídos pelos alas laterais, cujo resultado final foi a perda de função ofensiva e de não ganhar uma barreira defensiva.
O resultado final é que em um contra-ataque rápido, as defesas viram numa cozinha, com todo mundo jogando panelas para o alto, cruzando garfos, voando pelas janelas, se chocando, esborrachando-se na rocha em desespero total e inútil, com a bola acabando por se aninhar nas redes.
Tarciso está sendo transportado para outro universo, com a certeza de que fez a alegria dos torcedores do seu time e dos brasileiros que gostam de um bom futebol.
Comentários
0#1RE: A MORTE DO FLECHA NEGRA —
PLINO ANDRADE06-12-2018 17:56
JJ: Assisti alguns jogos de Tarciso. Era um ponta nato, com velocidade e uma habilidade extraordinária. O amigo tem razão com relação ao extermínio dos pontas no Brasil. Parabéns pelo artigo.
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