O escritor Lima Barreto por ser mulato e ter um texto simples, numa época em que os intelectuais eram rebuscados na busca do primor, passou despercebido nos meios literários e somente muitos anos após a sua morte foi reverenciado. Esse em uma obra em forma de sátira com o título ¨Os Bruzundangas¨, retratou o início dos primeiros anos da República brasileira que foi perturbado.
Nos lembramos desse livro e de seu autor por conta dos programas esportivos, que perderam o seu conteúdo e passaram para um lado cômico, concorrendo com os programas de humor, que na sua maioria são bem fracos.
É obvio que existe espaço para uma noticia descontraída, mas o padrão adotado hoje pela mídia esportiva brasileira deixou de lado as matérias mais técnicas, mais informativas, para dar lugar às coisas banais.
Na realidade quando começa um programa, o seu apresentador o abre com um sorriso. Não sabemos a razão, mas um amigo nos deu uma interpretação, ou seja, que esse tem o seguinte pensamento: ¨Lá vamos falar para os imbecis torcedores¨. Apesar de acharmos que existem controvérsias sobre isso, não podemos deixar de lado tal possibilidade.
A televisão desinforma, desde que poderia trazer a informação de forma mais lúcida, mas prefere cair no ridículo que alguns programas nos oferecem.
Os amigos podem observar que em toda a data que comemora algo festivo (como dias das mães, natal, carnaval, etc), sempre aparece uma matéria mostrando atletas e suas famílias.
Um jogo importante da seleção do Circo é colocado um link na casa do atleta mais destacado do time, para que os torcedores possam acompanhar as emoções dos familiares. As perguntas formuladas fazem mal ao coração.
Não queremos que os assuntos esportivos sejam tratados como literatura, mas que pelo menos tenham um sentido informativo e não imbecilizem aos que estão recebendo notícias.
Cansamos de ver fotos de um jogador de futebol com o seu filho, ou com uma namorada de biquíni, publicadas em suas redes sociais. Esse não preserva a privacidade.
Querem algo mais chato de que ouvirmos que um jogador vai ser ¨papai¨, ou que está namorando uma ¨modelo¨. E quando é aniversariante em dia de jogo, a primeira pergunta do repórter é se irá marcar um gol como comemoração. É grotesco.
Tem programas em que o apresentador de tanto elogiar um jogador, parece mais um agente de futebol do que um profissional de jornalismo.
Certa vez assistimos a um programa que um ex-atleta na função de comentarista imitava um treinador do futebol para deleite dos dos convidados. Nada de sério foi ouvido em tal programação.
Na verdade não se pode tornar o esporte e em especial o futebol como um evento de humor, e sim trata-lo devidamente como parte da indústria de lazer, onde o jornalismo não pode ser mais importante do que a notícia.
Por conta desse tipo de informação, os cartolas estão por séculos comandando esse esporte, já que o torcedor é incapaz de indignar-se.
Na verdade nós temos um verdadeiro sistema dos Bruzundangas.