Aqueles mais antigos vivenciaram em suas juventudes as mercearias de bairros, que representavam na época os nossos atuais centros de compras.
Os consumidores compravam seus produtos durante a semana e mandavam anotar na caderneta, quando no seu final compareciam para o acerto de contas.
Era um momento diferenciado, onde a palavra valia muito e a relação entre as partes era totalmente correta. O mundo mudou, claro para melhor em determinados segmentos, mas hoje os espertos tomaram lugar daqueles que tinham a palavra como fiadora de suas compras.
Nos retratamos ao passado para compararmos a grande maioria dos clubes do futebol brasileiro, que vivem ainda na época da caderneta, onde anotam-se os seus movimentos, que ficam apenas para o consumo interno. Ninguém toma conhecimento.
Falta o profissionalismo, sobretudo organização. Tornaram-se clubes de bairros, cuja contabilidade é anotada numa caderneta idêntica as das antigas mercearias. Falta transparência.
A internet nos proporcionou uma democratização do conhecimento, mas tais clubes ainda insistem em esconder as suas atividades, mesmo contando com um site próprio para tal.
Quantos publicam mensalmente os balancetes mensais? Quantos publicam os gastos com contratações e rescisões? Quantos publicam o número real dos associados pagantes? São alguns pontos que demonstram que estamos na era da caderneta.
Temos exemplos bem claros da falta de transparências em alguns clubes de futebol.
Um deles e bem recente, é o Internacional que parecia ser bem organizado, e na verdade dois anos após o seu encerramento a verdade apareceu com desmandos da gestão anterior a atual, sob o comando de Vitorio Piffero, com despesas ilegais realizadas com os cartões coorporativos, e Notas Frias cobrindo obras que não foram realizadas, mas pagas.
Se houvesse uma maior transparência obvio que tais fatos seriam observados, entretanto passou despercebido de todos. O caso está na Justiça e o clube irá ingressar com um pedido de ressarcimento dos seus recursos.
Estamos numa era da mais alta tecnologia, e não podemos continuar vivendo no tempo da caderneta, quando só duas pessoas sabiam o que acontecia, ou seja, o dono da mercearia e o cliente.
A necessidade de se aprovar o projeto de mudanças da Lei Pelé é necessário e sobretudo urgente, para que os clubes transformem o setor de futebol em uma Sociedade Anônima Desportiva, e com isso uma fiscalização séria da Comissão de Valores Mobiliários.
A seriedade será alcançada.
Precisamos da transparência de tudo que acontece nos clubes, para que os consumidores, e sobretudo os sócios, possam acompanhar as suas atividades.
JJ: O artigo mostra a realidade do futebol brasileiro que é inimigo da transparência. Os clubes escondem o que acontece no dia a dia e o Internacional citado é um exemplo.
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