A crise que existe no futebol brasileiro tem como ponto de partida o amadorismo dos dirigentes, em muitos casos a falta de participação na vida dos seus clubes.
A sociedade mudou os seus conceitos, e os clubes que eram parte do seu cotidiano não acompanharam as mais diversas transformações, e foram perdendo a presença dos seus associados no dia a dia, e isso sem duvida tem reflexo nas diversas gestões.
O clube era o grande formador das suas lideranças, que viviam as suas necessidades e os seus objetivos, criando uma escola de futuros gestores.
Hoje o cartola é uma nuvem passageira, que com o vento se vai. Muitas vezes nunca o frequentou e em casos especiais, somente nos jogos de futebol. Quando o assumem é por pertencer a um grupo dominante que se apossou desse por interesses pessoais. Passa um período no comando, retira-se do meio, deixando em vários casos problemas para o seu sucessor.
Como não existe mais o modelo de agregar, de trazer os sócios para os seus intramuros, ficam entregues a dirigentes que se dedicam parcialmente, sem a experiência adequada para os cargos que ocupam, e os resultados são bem claros, quando a maioria anda de pires nas mãos.
Um sentimento mais arraigado à camisa de sua entidade, sabendo que poderá fazer o bem para essa é fundamental, caso contrário, ou seja, jogar no aleatório é improdutivo e carreador de transtornos.
Existem muitas vezes bons gestores, mas esses vão embora, e os que permanecem são os mais despreparados, que para eles tanto faz, tanto fez.
Quantos dirigentes de clubes estão no comando, sem conhecerem de perto as suas dependências?
Assumem e ficam perdidos nos labirintos internos e trazem para os ajudarem muitas vezes áulicos, que só sabem balançar a cabeça e dizer amém.
Como a cultura de uma sociedade anônima não é absorvida em nosso país, a profissionalização é fundamental, inclusive com dirigentes remunerados que possam administrar de forma correta, de modo profissional na busca de dividendos positivos.
Não podemos continuar com o modelo existente, que dirigir um clube é um favor, e quando cobrado a resposta é ¨Não ganho nada com isso¨.
Já que não podemos mais voltar aos bons tempos, quando os dirigentes começavam como atletas, viviam o dia a dia de suas agremiações, pelo menos deveríamos tentar acabar com a nuvem passageira, entregando-o a gestores competentes, profissionais, que poderão dar uma nova dimensão ao processo.
Se continuarmos com cartolas gastando acima das receitas, o futebol brasileiro dificilmente irá se recuperar, desde que o amadorismo o está matando, e todos ficam observando como se estivessem na Ilha da Fantasia.
Na verdade já tivemos dirigentes e hoje temos cartolas.
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