Em 2002, encaminhamos à pedido do Circo do Futebol um estudo sobre a necessidade do futebol brasileiro, e entre esses o calendário, que hoje é o tema mais discutido por conta de sua insanidade na formatação dos eventos esportivos.
A entidade na época pensava em abrir um debate maior para o futebol nacional, mas como tudo acontece nesse segmento ficou no papel, desde que não havia o sentimento da cartolagem para uma reforma. Poucas coisas mudaram nesse período de 17 anos, e o único setor que evoluiu foi a corrupção dos seus três ex-presidentes.
Um dos pontos que foram abordados na ocasião estava relacionado aos estaduais, principalmente a sazonalidade da maioria dos clubes brasileiros, que vinha causando um prejuízo muito grande na revelação de novos jogadores, visto que o mercado de jogos ficava reduzido durante a maior parte da temporada futebolística.
Mostrávamos no estudo que o nosso futebol para evoluir necessitava de melhorar os seus estádios para o conforto dos torcedores, que é sem duvida a base da pirâmide da evolução. Foram gastos bilhões em alguns elefantes brancos para a Copa do Mundo, enquanto as competições estaduais e nacionais são realizadas muitas vezes em locais que dariam apenas para vaquejadas.
Com locais dignos, uma maior demanda seria recebida e, assim, patrocínios, renda de bilheterias e evolução dos clubes.
Sugerimos a implantação do sistema de licenciamento para que um clube pudesse participar das competições esportivas, e para receber o alvará anual de funcionamento teria a necessidade de apresentar o seu plano financeiro e a capacidade de absorção de recursos.
Por incrível que possa parecer, o Circo do Futebol está estudando o assunto para começar a aplica-lo no ano de 2020, o que aliás não acreditamos por conta do poder das Federações e do famoso jeitinho brasileiro.
Por outro lado, o trabalho sugeria a criação de mais duas divisões no futebol nacional, para que todos os clubes tivessem um calendário anual, que seriam as Série D e E. A primeira corresponderia a quarta divisão e só foi criada em 2009, e a segunda que seria a quinta, sequer foi pensada.
A última divisão iria abrigar os campeonatos estaduais de forma regionalizada, sem a presença dos clubes que disputassem as demais divisões, e que contemplaria o acesso a quarta divisão, e uma vaga na Copa do Brasil. Sobre os recursos a ideia era o da criação de um Fundo, que seria o captador de todas as receitas para o futebol brasileiro.
Com a criação da Série E sobrariam 18 datas, na ocasião eram 23, e o assunto calendário que hoje tanto discute-se já estaria resolvido.
Nada se fez, os projetos que outras Federações também enviaram foram rasgados e possivelmente sem serem sequer lidos. Hoje estamos no limiar do fundo do poço.
Quanto tempo perdido para um debate sobre os temas levantados, mas a cartolagem que comanda o esporte da chuteira, tem como mote a música de Martinho da Vila, com o seguinte refrão: