Robinson de Castro, presidente do Ceará em uma entrevista afirmou que os dirigentes do Sport e Vitória pediram a ajuda para a solução de alguns problemas que afetam os seus clubes.
Vamos e venhamos, o alvinegro cearense que conseguiu na bacia das almas a sua permanência na Série A da presente temporada, sendo chamado para socorrer a equipe rubro-negra de Pernambuco que atravessa um período difícil por conta de péssimas administrações, é algo inédito e surreal.
O Ceará hoje tem uma boa gestão mas falta muito para uma consolidação, posto que não tem a certeza de que o próximo gestor continue com os procedimentos atuais.
O futebol nacional tem uma disparidade financeira que terá que ser reduzida para que possa evoluir. Existem regiões que ainda impera o semiprofissionalismo, desde que as condições que são ofertadas não atendem o mínimo das necessidades inerentes ao esporte nacional, o que demanda a necessidade de uma maior assistência para que possam pelo menos atingir uma nova etapa e assim participarem com mais intensidade das competições de maior nível.
A falta de objetivos de alguns clubes fica bem patenteada, quando a sua maioria vive apenas de uma competição de noventa dias, o estadual, e que param na espera do ano seguinte para um recomeço.
Essa é a vida real do futebol brasileiro, e quando participam de um evento mais forte como a Copa do Brasil, principalmente após a mudança efetuada pelo Circo, apresentam as suas identidades de times sem a menor perspectiva.
Sabemos que o malfadado calendário nacional é destruidor para as agremiações de menor porte, mas torna-se também necessário separar o joio do trigo, com uma revisão geral na filiação dessas, pois muitas não tem receitas comprovadas, quadro social, sede, centro de formação da base, e vivem apenas de sonhos e sem futuro.
O país é continental, e necessita ser analisado como tal.
A região Norte, e vamos colocar dois estados do Nordeste no mesmo contexto, Piauí e Maranhão, tem que ser bem estudada, para que possam sair alternativas para as suas recuperações. Essa já teve boa participação no futebol do país através de seus clubes, que entraram em franca decadência.
Os que fazem os esportes no Brasil, inclusive o governo, deveriam preparar um projeto de restauração de estádios, em cidades com boa densidade demográfica que seria sem duvida o ponto de partida para uma nova etapa do futebol dessa região.
Deveriam mandar profissionais da área para iniciarem um processo de preparação de gestores que possam levar adiante o planejamento efetuado. Teria que ser iniciado um processo focado nas bases, porque a renovação é fundamental, e por outro lado os estados dessa região sempre revelaram talentos.
Para que o futebol das regiões menos favorecidas, e aí entra o Nordeste e Centro-Oeste, torna-se necessário que os clubes tenham uma garantia de atividades pelo menos de dez meses do ano, o que se tornariam competitivos e trazendo no bojo, o crescimento do próprio futebol.
Voltamos a falar sobre a Série E para que essa seja repensada pelos dirigentes do Circo, ou então dividir o pais em Conferências.
Não existe a menor condição de continuarmos brincando de fazer futebol, apenas para divertimento de noventa dias, e com o abismo se aprofundando na separação dos maiores com os menores, desde que sonhar é um direito de todos, mas se iludir com o sonho é um devaneio.
As diferenças irão tragar os clubes de menor porte, inclusive o Ceará de hoje. Nos centros maiores jogadores são contratados por valores que superam as receitas da maioria das agremiações brasileiras, e o fato vai se acentuando, mesmo com os chamados grandes com as suas estruturas trincadas.
O Brasil precisa mais do que temos. Em muitos dos nossos casos, vivemos de devaneio.