O Liverpool no seu jogo do último domingo prestou uma digna e bela homenagem às vitima da tragédia de Hillsborough, que aconteceu no dia 15 de abril de 1989, e foi o ponto de partida para a revolução no futebol inglês.
Iriamos postar no dia de ontem um artigo sobre o tema, mas por conta dos jogos finais dos estaduais pelo Brasil afora deixamos para o dia seguinte, na certeza de que as nossas mídias falariam sobre uma das páginas mais tristes do futebol mundial.
Pagamos para ver, e infelizmente observamos um silêncio total, com exceção do jornal ¨O Tempo¨ de Minas Gerais, que concedeu uma pagina da sua edição para relembrar o assunto.
Lamentável.
Precisamente há 30 anos, o estádio de Hillsborough, em Sheffield, na Inglaterra, era palco de uma das semifinais da FA-Cup, a Copa da Inglaterra, competição mais antiga do mundo. No gramado, estavam o Liverpool e Nottingham Forest.
A casa estava cheia acima do seu limite. A falta de preparo da policia e da entidade organizadora do evento, não observaram que estava acontecendo uma superlotação em um dos setores do estádio. Era uma aglomeração desordenada que culminou com torcedores sendo pisoteados, sufocados e o mais grave esmagados nos alambrados.
Uma cena dantesca quando esses tentavam deixar o local pioravam a situação. A partida continuava rolando sem que ninguém observasse o que estava acontecendo, e só sentiram o problema na ocasião em que o gramado foi invadido.
O saldo foi de uma guerra civil, com 96 torcedores mortos e grande maioria do Liverpool. Os ¨hollingans¨ segundo as investigações foram culpados, mesmo sem provas reais.
O governo que já vinha combatendo as organizadas resolveu intervir no futebol inglês, e entregou ao Lord Peter Taylor, que entrou na história do futebol pelo seu relatório transformador desse esporte na Inglaterra, solicitando a construção de novos estádios, ou a melhora de alguns, pedindo ações imediatas sobre o monitoramento dos torcedores em diversos setores, a retirada dos alambrados e grades, e um bom planejamento de segurança.
O governo de Margareth Thatcher proibiu as participações dos clubes em competições internacionais por dois anos, e bancou o que o relatório Taylor sugeria. Disponibilizou financiamento para as construções de novos estádios, ou para as suas recuperações.
O futebol inglês mudou, hoje é o mais organizado e rico do mundo, mas só aconteceu essa metamorfose por conta da morte de 96 torcedores.
Os ¨hollingans¨ desapareceram e os estádios estão sempre lotados com todos os espaços ocupados.
No Brasil precisamos de um Lord Peter Taylor, para dar um basta a tudo de podre que acontece em nosso futebol, em especial a extinção das organizadas, que tiram os bons torcedores dos estádios.
Hisllsborough não pode e não deve ser esquecido, pois representa uma tragédia e ao mesmo tempo o início de uma mudança radical no futebol da Inglaterra.
Comentários
0#2RE: HILLSBOROUGH ESQUECIDO NO BRASIL —
PLINIO ANDRADE16-04-2019 13:19
JJ: O comentário de Guilardo retratou o que eu tinha que escrever. Essa tragédia tomou conta do mundo, e as 96 vitimas foram as responsáveis pela revolução do futebol inglês. As mídias de hoje sequer ouviram falar de Hillsborough. Parabéns.
0#1RE: HILLSBOROUGH ESQUECIDO NO BRASIL —
guilardo16-04-2019 12:40
HILLSBOROUGH- Caro amigo. Sua crônica seria didática para para países do primeiro mundo. A Inglaterra conseguiu domar os hollingans utilizando a lei e o respeito à autoridade naquele país. Aqui, estamos em pleno primeiro mundo medieval, onde a força decide quem seria o melhor time do pedaço. Em todas as regiões do Brasil a capacidade dos clubes se mede pelos estragos que as suas torcidas podem fazer. No Recife, por exemplo, Sport, Náutico e Santa disputam no pau e pedra, a tiros de armas de fogo, quem será considerado o " melhor time", afastando os resultados das partidas. Tudo porque no País não se cumpre a lei, e essas são ridículas e não impõem medo a ninguém. Caro amigo. Num país onde o Tribunal que deveria proteger a Constituição, é o primeiro da desmoralizá-la por completo, impondo inclusive a lei da mordaça em toda a população, nós não deveremos ter a petulância de querer, por simples cotejo que seja, comparação à autoridade britânica. Vivemos num país de trogloditas, afastados anos luzes da civilização, onde os profissionais da bandidagem predominam e os cidadãos de bem observam tudo, incrédulos. Seu artigo serviria de ensinamento numa nação séria, onde o respeito é mútuo. Entretanto, torço para que você continue a sua cruzada, devidamente acompanhada por nós, partícipes do seu Blog.
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