Não existe nada melhor do que conversarmos com pessoas que ainda pensam em nosso país, quando captamos algo para uma postagem do blog.
Na manhã de ontem numa conversa ouvimos algo que bateu com o que muitas vezes discutimos com os nossos visitantes, ou seja, a perda de identidade dos clubes com relação as suas camisas, com o abandono das cores tradicionais por outras que não tem nada a ver com as suas histórias.
Uma palavra muito especial nos fez movimentar mais uma vez os teclados do computador: 'Desamor' , e foi essa que ouvimos para retratar o desapego de uma nova geração para com a tradição dos seus clubes. Nada mais verdadeira do que tal colocação.
Desde jovem vivenciamos a vida de um clube ao ocuparmos cargos de relevância no Sport Recife, e isso nos aproximou de rubro-negros mais antigos, de gerações mais velhas, que tinha, um sentimento de amor para com o clube, sem interesses pessoais ou promocionais. O mesmo acontecia nos quadros do Santa Cruz e Náutico.
Uma geração que construiu o grande patrimônio do clube, com uma das sedes sociais mais modernas do país, com recursos vermelho e pretos.
A seriedade dessas pessoas que hoje sequer são lembradas, ficou registrada na aplicação dos recursos obtidos nas vendas dos títulos de sócios patrimoniais utilizados nas obras que continuam de pé, apesar do abandono. Já tentaram até destruí-la.
O sócio do Sport tinha a Ilha como a sua casa, como o alvirrubro tinha essa relação com a sede da Rosa e Silva. O Santa Cruz ainda não tinha construído o seu estádio, com a sede acoplada.
Aos sábados, encontrávamos várias famílias frequentando o clube, visitando-o com o Parque Infantil lotado de crianças que começavam a absorver o sentimento que esse representava. O Parque Aquático ainda estava em obras.
Tinham amor ao clube, que foi mudado para o desamor de uma nova geração, que pouco importa-se com o seu patrimônio, se está depreciado ou não, contanto que contrate um jogador e seus nomes estejam nos jornais, ou nos vídeos.
As camisas são um reflexo desse desamor. Jamais essa geração que citamos iria aceitar que o rubro-negro se tornasse laranja, amarelo, rosa ou azul, o mesmo aconteceria no Náutico e Santa Cruz, mas as atuais estão conseguindo tirar as identidades dos seus clubes.
É a geração do desamor, que deviam se espelhar nos versos do poeta Vinícius de Moraes, que foram transformados na música ¨Samba sem Prelúdio¨.
¨E eu sem você
sou só desamor
um barco sem mar
um campo sem flor
Tristeza que vai
tristeza que vem
Sem você meu amor eu não sou ninguém.
Éramos felizes e não sabíamos. Vivemos hoje na era da mediocridade que é também chamada de ¨merdiocridade¨.