Os analistas do futebol brasileiro precisam entender as mudanças que aconteceram nesse esporte quando a paixão abriu espaço para a razão. O amadorismo do passado cedeu o lugar a uma participação maior na indústria que mais cresce no mundo: a do entretenimento, que necessita de novos mecanismos.
Um clube de futebol não pode ser mais um brinquedinho de alguns dirigentes, ou mesmo uma entidade representada por um pedaço de papel, e cuja documentação vive debaixo do braço de seu dono.
Para que se tenha um time TOP 10, de linha disputando os títulos, mesmo em períodos de vacas magras os custos são bem elevados.
Quem os pagam? Os seus consumidores, de forma direta ou indireta, quando se associam, pagam os ingressos para os jogos, compram camisas e demais produtos licenciados.
As agremiações que não conseguem receitas compatíveis montam equipes mais frágeis, participam de competições estaduais e divisões menores, e quando ascendem tem dificuldades de manutenção. Os exemplos são latentes.
Todo o sistema existente bate com a lógica do mercado. Quanto mais torcedores e quanto mais recursos eles tiverem, mais receitas que o clube absorverá, e o ciclo continua com maiores investimentos, que produz uma melhor qualidade, e os seus produtos e serviços podem ser cobrados com preços mais elevados.
O futebol precisa de pensadores que entenda desse processo, para observar uma simples analogia, desde que com a maior quantidade de consumidores pagantes, mais receitas o clube terá para investir e competir com outros no mercado.
Com uma boa equipe, as participações nos eventos são melhores, e com isso estimula o patrocinador para estampar a marca em suas camisas, com a relação custo x benefício, e o retorno do aumento de suas vendas.
O maior número de torcedores está relacionado às cotas da televisão e ao sistema de pay-per-view. Quanto maior, mais dinheiro, sendo esta realidade do que acontece hoje no segmento, que atua com um membro ativo do mercado.
Quem atua é o potencial de mercado e isso faz que um clube de um estado de maior população tenha maiores condições de competição do que os de menor.
Esses são os desafios do mercado que estudamos profundamente, e que obrigam a clubes emergentes como os nossos, com demandas mais reduzidas, a se organizarem, trabalharem no incremento maior dos consumidores, e assim dentro de suas capacidades financeiras formatarem equipes que possam se manter na divisão maior, e chegar perto do TOP 5, que sem duvidas será um grande feito.
No final o futebol de hoje, com o mundo transformado em plano, é mais um componente do mercado de consumo, e para sobreviver tem que entendê-lo, necessitando de uma estrutura que não seja debaixo do braço como um violão do antigo boêmio.