Nesse final de semana as chuvas nos empurraram para a televisão, e por conta disso uma overdose de jogos das mais diversas divisões.
Muitas partidas e pouco futebol, com o VAR e sem o VAR, com bola e sem bola, times alternativos sem o menor apreço pela competição, no caso da Série A, alguns narradores de rodeios e comentaristas de desfile das Escolas de Samba. Um sofrimento.
Os livros foram a nossa salvação.
Nos lembramos na ocasião de algumas frases do jornalista Carlos Siqueira que era o responsável pelo blog Sanatório da Noticia, que tratava de assuntos políticos, e também enveredava pelo futebol. Separamos as mais interessantes.
Começa com uma pergunta: O brasileiro perdeu o jogo de cintura? Não! Perdeu a alegria de jogar futebol? Não! Há alguém no mundo que tenha tanta várzea e tanto peladeiro como o Brasil? Não! A reforma agrária não foi e nunca será feita, bolas. Tem campo de sobra pra qualquer brasileiro trocar os pés pelas mãos¨.
O jornalista faz uma outra pergunta, e também responde: Então o que há com o peru do futebol brasileiro? Ora, meus egrégios experts do mágico mundo da bola, o que há é cartolas demais.
Há procuradores e empresários demais. Há comentaristas demais. Há apitadores apitando demais. Há patrocinadores demais. Há redes de rádios e jornais demais. Há gestores demais. Há técnicos demais. E torcedores de menos.
Cada vez o torcedor brasileiro assiste mais ao futebol espanhol, ao futebol que fala alemão, inglês, francês, italiano... E cada vez há torcedores de menos no futebol brasileiro. E os que fazem parte da esmagadora minoria de entendidos não são ouvidos e respeitados. Isso tudo inibe o futebol espontâneo e moleque do brasileiro.
É mais uma ditadura que prende, que aprisiona, que comprime, plastifica e encaixota o jeito fácil e inimitável de jogar bola como ninguém que o brasileiro tem, e já não deixam mostrar¨.
Sobre os técnicos, Siqueira focou a realidade quando textualizou: ¨O mal é que, sobre o jugo dos técnicos que servem a cartolagem, e aos interesses das redes de comunicação social, os craques brasileiros jogam reprimidos, com o medo de perder os seus empregos por não garantirem o emprego de seus treinadores.
Jogam para trás na hora do drible para frente; ai deles que não atrasem a bola para o zagueiro, que, sem saber sair jogando, toca a bola para o lado mais próximo transferindo a responsabilidade ao invés de contra-atacar, ainda que já defasado em tempo e ousadia.
Pergunto e respondo, uma vez mais: quantas atrasadas de bola Pelé deu na carreira dele. Nenhuma. Em que país do mundo, um árbitro apita perigo de gol, ou dá sinal amarelo por simulação? Nenhum. Em que estádio do planeta Terra a torcida organizada manda na diretoria do clube? Nenhum¨.
As colocações são antológicas, desnudam o atual futebol brasileiro, que vivenciamos, e não os dos sonhos que são vendidos por alguns ilusionistas de plantão.