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Escrito por José Joaquim

Muito se debate sobre os problemas dos esportes brasileiros, em especial do futebol, e pouco se faz para resolvê-los. O interessante é que esses estão bem aflorados, mas os anestesiados fingem que não percebem, continuando a viver como estivessem na famosa Ilha da Fantasia.

Conversando com o jornalista Claudemir Gomes, esse nos chamou a atenção para uma matéria publicada no Jornal do Comercio, na qual o presidente da Federação local defendia com unhas e dentes os estaduais, como se esses fossem algo de produtivo, inclusive com a pressão junto ao Circo do Futebol Brasileiro no tocante a Copa do Nordeste.

Numa coisa o cartola tem razão ao repetir o que temos discutido há um bom tempo, o do inchaço da competição regional, mas no tocante ao seu campeonato, o mundo global o enterrou, e não existe condições para ressuscita-lo.

Uma pesquisa sobre todas as competições realizadas no Brasil, mostrou que os Estaduais foram aqueles de menor aceitação, com apenas 4% de aprovação. Contra fatos não existem argumentos.

Futebol profissional não é brincadeira de rua, que infelizmente foi tragada pelo progresso, e sim um negócio sério que necessita de bons gestores para toca-lo. Um clube de futebol é algo que transcende uma corrida dentro do saco, e por conta disso deve ter uma estrutura adequada para que o bom profissionalismo seja adotado.

O grande equívoco do futebol brasileiro foi a criação de clubes de papel, sem sócios, sem torcedores, sem campos, e sem uma demanda adequada para suas sobrevivências. Bastava ser politico que conseguia o seu registro. Um voto a mais para os cartolas. 

A grande maioria participa de uma competição no início do ano, chamada de estadual, e depois hibernam na espera do ano seguinte. Não deixa nenhum legado. São profissionais de brincadeira. 

No Brasil, que é um país gigantesco, adotou-se um sistema autofágico. Os clubes que tinham demanda foram tragados por esses de políticos e empresários, muitas vezes servindo como barrigas de aluguel.

Os que fazem esse esporte no Brasil ainda não perceberam a sua mina de ouro, que é a municipalização, com o objetivo de criar um grande formador de pé de obra, e que vive hoje desamparada. A municipalização movimentaria milhares de municípios, e milhares de atletas, e com isso um alto potencial de novos talentos.

O interessante é que essa ideia foi adotada a partir da década de 90 na Inglaterra, e os seus campeonatos municipais tem influenciado muito na formação de jogadores. Um país pequeno em população como Portugal tem mais de mil clubes distritais, com alguns chegando a Primeira Divisão Nacional.

As divisões nacionais no Brasil só comportam atualmente 100 clubes, número que poderia ser incrementado com a presença de outros com boas estruturas e que estão dormindo nas cavernas.

A municipalização seria estadual, com a participação das Prefeituras e do Estado, além da iniciativa privada, que dariam o suporte para que as competições fossem realizadas, inclusive preparando estádios para tal.

São coisas factíveis, e pensadas há muitos anos, sem que nada fosse realizado. Como acham que tudo está correto, iremos continuar repetindo os mesmos erros, pois somos mais inteligentes do que os que fazem o futebol em outros países do mundo.

Eles cresceram e nós minguamos, e o exemplo está bem claro.

O futebol brasileiro necessita de gestores que pensem no futuro e não nos interesses dos cartolas.

* Imagem: fotosearch.com.br

Comentários   

0 #2 Curral EternoBeto Castro 07-02-2017 03:06
O saudoso CAO sempre dizia que não seria ele que enterraria o glorioso e centenário Campeonato Pernambucano. Lógico, focava naquele momento os seus eleitores de cabresto que garantiam a sua permanência na entidade com todas as vantagens inerentes ao cargo. Mas, no fundo sabia que os estaduais estavam decadentes. Tanto que abraçou a causa da Copa do Nordeste e como liderança federativa, conversou com o seu parceiro Bastinho e fez uma Copa experimental em Alagoas. Uma Copa do Nordeste com 32 clubes na Série A e 64 na Série B resolveria esta problemática inexistente, sendo ambas as séries classificatórias para as finais dos 07 estaduais da região. Os quatro maiores de Pernambuco, sendo 3 ranqueados e 1 paritário se juntariam aos dois primeiros colocados da Série B para disputarem uma final sensacional do Pernambucano, extensivo a todos os estaduais do Nordeste, com grande público e mantendo a tradição dos estaduais, ao mesmo tempo que incrementaria a Copa do Nordeste em duas divisões com acesso sem descenso. Em resumo, teríamos quatro representantes dos sete Estados (CE-RN-PB-PE-AL-SE e BA) totalizando 28 clubes, sendo 3 ranqueados e 1 paritário classificado a partir das finais estaduais (Dos hexagonais finais quatro teriam vagas garantidas na Copa do Nordeste seguinte). Haveria ainda 4 vagas restantes contempladas ao campeão e vice da Série B que poderiam vir de qualquer dos sete estados, além do Campeão e Vice da Série A do ano anterior. Estas quatro vagas extras para completar os 32 garantiriam mais um clube de 4 dos sete Estados na competição regional por merecimento. Não faz qualquer diferença 5 chaves de quatro ou 8 chaves de quatro, o calendário é o mesmo, classificando-se os dois primeiros da cada para um mata-mata final de 16 clubes. Outra providência fundamental é compor as 8 chaves com os clubes âncoras jogando interchaves para garantir os clássicos estaduais e incrementar a média de público lá para cima. Um exemplo, se coloca duas chaves do sul com Bahia e Vitória, um em cada chave, para se garantir o clássico de ida e volta e os demais clássicos estaduais de Sergipe, Alagoas, Pernambuco, etc. Maranhão e Piauí pertencem à região futebolística administrativa do Norte e voltariam para a sua origem, pois a divisão territorial não coincide com a dimensão econômica. Esses clubes se juntariam com os clubes do Pará e Amapá, realizando uma Bela Copa do Meio-Norte na mesma sistemática do Nordeste para garantir calendário para os clubes de suas federações. O problema é que os centuriões lagartixas se rodeiam de nulidades e não estão interessados no desenvolvimento de seus clubes e federações, mas nos seus currais eleitorais, mordomias e projeções políticas e principalmente na manutenção da hegemonia fraudulenta dos golpistas do Rio e São Paulo que sustentam a corrupção desvairada apontada pelo FBI que exclui e extermina o futebol das três regiões subalternas, subservientes e capachos dos corruptos liderados pelo Camelódromo.
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0 #1 RE: A MUNICIPALIZAÇÃO E O FUTURO DO FUTEBOLCLEITON LIMA-RJ 06-02-2017 20:21
JJ: Uma aula sobre futebol. O seu blog é diferenciado, desde que trata de temas sérios e com bons ensinamentos. O futebol brasileiro precisa ser debatido e o amigo sempre trazendo fatos e assuntos novos.
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