Há anos que Charles Miller e João Saldanha moram em outro universo, e por uma questão politica ainda não tinham se encontrado, desde que o jornalista por ser comunista passou muitos anos numa sala de espera até ser liberado para o céu.
Finalmente o encontro aconteceu, e por razões obvias o tema discutido foi o futebol brasileiro, desde que Miller foi o personagem que implantou esse esporte no Brasil, com o seu primeiro jogo sendo realizado em 14 de abril de 1895.
Na realidade Saldanha mesmo com a sua irreverência falou pouco, e ouviu mais, em especial as lamentações do responsável pela introdução desse esporte no Brasil, que chegou a chorar em muitas ocasiões por conta do que acontece hoje no seu dia a dia.
O jornalista repassou algumas informações que tinha recebido da terra através da internet (o céu também tem essa máquina destruidora), e quando lhe contou que o futebol que foi grandioso, com dezenas de craques nos gramados, bons e sérios dirigentes, estava sendo destruído por conta de péssimas gestões, de amadores e alguns casos de espertos, com apenas jogadores medianos.
Lembrou-se então do futebol de Domingos da Guia, Friedenreich, Leônidas da Silva, Zizinho, Jair da Rosa Pinto, Didi, Garrincha, Nilton Santos, Djalma Santos, Pelé, Tostão, Gerson, Zico e tantos outros, que dariam para preencher várias páginas, que foi substituído por brucutus, carrinhos violentos, chutões, simulações, entre outros ¨atributos¨.
As lágrimas aumentaram, quando Saldanha mostrou o modelo do Calendário que é adotado no futebol tupiniquim, massacrante e prejudicial a todos os clubes que participam de suas competições. Não suportou quando soube que as Federações ganham mais do que os clubes em algumas bilheterias dos jogos.
A sua angústia aumentou quando soube que a maioria dos clubes brasileiros está com dificuldade, por conta da insanidade, dos seus dirigentes, que hoje são chamados de cartolas.
O choro maior de Miller foi o de saber que aqueles torcedores do seu tempo, de paletó e gravata, as mulheres com vestidos importados da França, deram lugar as torcidas organizadas, que afastaram o bom torcedor dos estádios por conta da violência.
Saldanha mostrou-lhe as fotos das novas arenas, e esse foi um momento de felicidade para Miller, quando comparadas com o primeiro campo de jogo, no Largo do Gasômetro, era uma grande transformação, mas a tristeza voltou quando soube da média de público das competições, em um pais de mais de 200 milhões de habitantes.
O choque maior foi o de saber sobre o continuísmo na Confederação e Federações, e que Ricardo Teixeira renunciou por suspeitas de corrupção, o seu sucessor José Maria Marin está preso nos Estados Unidos, e o substituto Del Nero não sai do país por conta do FBI. Uma safra de cartolas bichada, e com os frutos apodrecidos no chão.
Saldanha observou a amargura do homem que trouxe o futebol ao Brasil, por conta de tantas noticias ruins, e certamente deve ter ficado arrependido pela sua iniciativa, quando um esporte respeitado em todo o mundo, foi avacalhado em um país que adora a corrupção e a esculhambação.
No final, Miller ao abraçar o jornalista, afirmou que acreditava que o lado bom de nossa sociedade poderia influenciar para tornar novamente o futebol grandioso como o foi, e justificar, enfim o seu esforço para implanta-lo.
O problema é que nem a Velhinha de Taubaté acredita nisso.
Comentários
0#2RE: O ENCONTRO DE CHARLES MILLER E JOÃO SALDANHA —
ANTONIO CORREIA08-02-2017 17:47
JJ: Só o amigo poderia escrever uma fábula fabulosa como Beto destacou. Uma conversa entre duas importantes personalidades do futebol, mostrou a realidade em que hoje estamos vivendo. Parabéns, como também ao Beto.
O que podemos falar dessa retrospectiva sensacional de mais de um século do futebol entre duas figuras exponenciais do setor? Simplesmente fabulosa. Mas, tenho uma queixa. Não ouvi nem uma linha sobre os fundadores da espelunca - os sírios libaneses de São Paulo que criaram este holocausto da decadência e da roubalheira generalizada e depois o espalharam pelas satrápias bananeiras e pelo mundo. Eram dois pacatos cartolas que dominavam a cena no Guarani de Campinas e no Bragantino. Sempre se encontravam no clube da etnia com outros dirigentes do São Paulo, Corinthians, Palmeiras e Santos. Os principais clubes paulistas e a imprensa local estavam infestados dos mascates ambiciosos. Então, decidiram que tomariam a Centúria Paulista de assalto. Reunidos numa famosa revista golpista, sete deles resolveram reviver as doze tribos sírias dos filhos de Jacó que expulsaram os judeus da terra prometida. Então, em mal comunhão com o Camelódromo, o Edifício sem Nome e um mascate de pista, distribuíram todas as riquezas do futebol entre si, indo buscar outros prestanistas lambreteiros de outras três cidades para açambarcar todos os recursos circulantes no setor sem dono. O resto da história macabra, todos já conhecem. Foram 30 anos de ditadura hostil, truculenta e corrupta que se espalhou pelo país na base da propina e dos votos de cabrestos. Vários dos centuriões lagartixas que participaram da eleição fraudada de 1986 ainda dominam os seus currais, atualmente quase extintos. A distribuição de pixulecos oficiais começa hoje, como em todos 28 anos. Só me lembro da ditadura dos Assados da guerra sem fim que expulsou 4 milhões de potenciais mascates do legado de Jacó e assassinou brutalmente 15 mil presos políticos por espancamento e enforcamento, segundo relatório da Anistia Internacional, invadindo dezenas de países do mundo com os seus refugiados sem rumo. Quase meio milhão de pobres deserdados foram mortos por bombas, morteiros e armas químicas neste segundo maior holocausto da humanidade. O que será do Califado da Brasíria Teimosa Temerária? O que será do Califado do Brexit e companhia? O que será do tiro ao alvo Trumpista? O que será do Mundo? O plano macabro do ISIS de um califado global está funcionando mundo bem. Vai que é tua Pato Donald!
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