Com raras exceções o processo de formação no Brasil está entregue a empresários e procuradores, por conta da falência dos clubes. Nos dias de hoje as portas das agremiações são fechadas para aqueles jovens que não possuem cartões de apresentações.
Quando chegam aos clubes para treinamentos, já vem acompanhado de um empresário e esse, muitas vezes é sócio de alguns dirigentes da categoria. Com isso a massa maior dos possíveis novo talentos ficam do lado de fora das oportunidades.
Pernambuco, nos últimos anos tem sido o retrato da falta de um trabalho de base. Há anos que não surge um destaque em nossos times. O Náutico na Serie C utilizou em alguns jogos atletas oriundos da formação, mas na verdade apenas um talento a ser aprimorado, o jovem Thiago, de 18 anos.
O Santa Cruz que já foi formador em tempos idos, contrata por ano mais de 30 profissionais, já que as suas bases nada produzem.
Na última terça-feira ao assistirmos a partida entre o Sport e Cuiabá, verificamos a presença de um único jogador da base, o zagueiro Adryelson, que carrega consigo defeitos que não foram corrigidos quando estava no processo de formação.
Esse não sabe sair jogando, ponto importante do futebol moderno, e nos lançamentos altos contra a sua defesa marca a bola e deixa o adversário folgado. Quantos gols já a aconteceram por conta desse erro?
O que existe de errado nesses trabalhos? Quem são os responsáveis? Essas perguntas deveriam ser respondidas quando verificamos em nossos clubes quase uma centena de contratações dentro de uma mesma temporada, caracterizando que suas bases nada produzem.
A queda do futebol brasileiro teve o seu início quando o trabalho de formação deixou de ser aprofundado, e os clubes passaram a utilizar apenas alguns pratos feitos, e esses por muitas vezes de qualidades duvidosas.
Pernambuco é um exemplo. Dois ou três times são contratados durante um ano, e nos jogos realizados não encontramos sequer um atleta forjado nos próprios clubes.
Os anos vão passando e os mesmos erros são cometidos, e aos poucos vamos sumindo do cenário esportivo nacional, já que com o tipo de planejamento que temos, sem a participação de atletas formados na base, e um amontoado de jogadores sendo contratados, seremos apenas mero figurantes sem direito sequer a uma fala no filme do futebol nacional.
O trabalho de formação certamente só é bom para empresários, alguns dirigentes e executivos espertalhões.
Se olhássemos para o nosso passado, entenderíamos esse problema, quando deixamos de ser formadores e exportadores e passamos a ser apenas importadores e, muitas vezes, de produtos "Made in China".