Algumas vezes ainda ouvimos vozes e penas apaixonadas clamando pelo mata-mata, em especial quando o Brasileiro chega na sua reta final.
Trata-se de um tema inócuo, desde que os problemas do futebol brasileiro não são causados pelo modelo atual de disputa, e sim pela ausência de um debate mais amplo sobre o calendário, a distribuição de cotas da televisão, dos patrocínios, da visibilidade dos clubes, das categorias de base e, sobretudo, do modelo de gestão.
O sistema de pontos corridos moralizou o futebol, mas não trouxe consigo alguma fada com sua varinha de condão, que poderia mudar os procedimentos, e que pudesse implantar a profissionalização dos gerenciamentos e a modernização das disputas.
O modelo atual não pode ser culpado como o sofá pela traição da mulher e retirado da sala como solução.
O desequilíbrio existente que emperra o avanço dos clubes menores no cenário nacional não tem o nome de pontos corridos, e sim de vários fatores, como os contratos dos direitos de transmissão, cujo abismo é profundo, que dificulta uma maior aproximação entre os disputantes.
Um clube ganhando dez vezes mais do que um outro do mesmo campeonato é algo destruidor, e isso é o que acontece em nosso futebol, originando as distâncias na tabela de classificação. Esse é o maior dos problemas, que se transforma em um ciclo pernicioso.
Sem recursos, as chances de uma boa campanha são reduzidas.
Sem bons resultados nos gramados, são escondidos pela TV aberta, seus jogos nunca são transmitidos nacionalmente, e por isso não atrai os patrocinadores mais fortes pela ausência de visibilidade.
A única saída seria uma gestão competente, profissional no futebol, trabalhando em um orçamento projetado, sabendo contratar de forma correta, para que os desperdícios sejam reduzidos, e sobretudo o aproveitamento do trabalho de formação, que reduz as folhas salariais e alimenta os fluxos de caixa das agremiações.
O maior exemplo vem de Coritiba com o Atlético-PR, campeão da Copa do Brasil, e 6º colocado no Brasileiro da Série A.
Esses são os principais pontos que tolhem um maior equilíbrio nas competições, que todos tem conhecimento e nada fazem para mudar.
O sistema de pontos corridos é meritório, e o Flamengo é o seu retrato. Liderou o turno, lidera também o returno, graças a um bom planejamento de pelo menos cinco anos.
Como poderia haver um mata-mata, caso o Campeonato Brasileiro tivesse acabado com um time com 71 pontos, disputando uma eliminatória com 8º, que tem uma distância de 26 pontos para esse.
Seria surreal e irracional, em especial, alienado.