Uma foto, publicada no dia de ontem em um dos jornais de nossa cidade com um atleta do Santa Cruz apresentando a nova camisa do time nos chamou a atenção, por conta do fim da tradição tricolor, que está se tornando bicolor e sem vida.
O mesmo se dá com o Sport. As tradicionais camisas rubro-negras foram substituídas por cores que nunca fizeram parte da vida do clube. Hoje são laranjas, azuis, cinzas, e até os calções tornaram-se vermelhos, fato esse que nunca vimos acontecer.
Tal fato também é visto em outras agremiações brasileiras, como uma resultante do marketing que vem influenciando na perda de suas identidades. A justificativa dos marqueteiros é de que as camisas poderão ser usadas no dia a dia pelos torcedores. Tudo conversa fiada.
Não somos contrários ao trabalho de marketing, mas na realidade uma camisa é uma camisa, é a tradição, faz a empatia do torcedor, a sua força carrega muitas vezes um time para a vitória. O torcedor de um clube é rubro-negro, é tricolor, é alvirrubro, é alvinegro e tantas outras cores, e hoje quando participa de uma partida de futebol encontra um padrão totalmente diferenciado que não exprime a realidade de anos e anos de existência.
Óbvio que não somos contrários ao marketing que hoje faz parte do sistema e tem a sua importância, mas os clubes não podem e não devem abandonar as suas cores tradicionais, desde que a tradição também é fundamental para a consolidação de sua história.
Quando assistimos uma partida de futebol pela televisão e as arquibancadas aparecem com os torcedores, ficamos com o sentimento que trata-se de adeptos de times europeus, já que as camisas que são utilizadas nada tem com a realidade dos clubes locais.
Os torcedores cresceram vendo a cor e o formato de uma camisa e de repente isso lhes é roubado, fazendo com que a sua força seja reduzida, e o clube torna-se igual aos demais que existem no país. Os gritos de rubro-negro, de tricolor perderam o seu eco, desde que os padrões não tem mais as listas que os caracterizavam.
Estranhamos a apatia dos torcedores e dos associados dos clubes que não reagem a tais mudanças, e isso pode ser parte do início de um abandono que estamos presenciando nos jogos realizados. No momento que não se briga por algo como a tradição, uma parte da vida de cada agremiação está desaparecendo, para dar lugar aos novos tempos que não refletem um futuro promissor.
Para que se tenha uma ideia sobre o problema e a apatia que citamos, podemos mostrar um caso pessoal que aconteceu conosco em 1973 quando dirigíamos o futebol do Sport, em uma época difícil e que necessitava de algo novo para ser apreciado. Não trocamos as cores do clube, nem as listas rubro-negras, mudamos as suas posições, de horizontal para vertical. O mundo caiu sobre nossa cabeça, sócios, torcedores, conselheiros protestaram e o novo padrão foi riscado de sua vida.
Era uma época em que todos acompanhavam a tradição, tinham o respeito por suas cores. Nesse ponto as mudanças foram para pior, desde que essas novas camisas roubaram a identidade de cada clube, e dificultando a empatia, já que são várias as apresentadas durante uma temporada.
Bons tempos em que os clubes tinham as mesmas camisas por décadas, tinham elencos com jogadores formados nas bases, e era o mesmo em toda a temporada. Hoje o futebol perdeu o encanto, um time dura menos de um ano, a cada mês uma nova cara é apresentada, e assim segue a vida, e o esporte que já foi das multidões as vem perdendo, a a destruição de suas identidades é um dos fatores que mais prejudicam a evolução.