O falecido compositor Dominguinhos ao lançar um dos seus maiores sucessos, o ¨Isso aqui tá bom demais¨, deve ter pensado no futebol brasileiro, desde que os seus versos iniciais se encaixam com o sistema de gestão adotado por esse esporte:

¨Olha, que isso aqui tá muito bom,

isso aqui tá bom demais,

Olha, quem tá fora quer entrar, mas quem tá dentro não sai,

Pois é¨.

Obvio que o sentimento do compositor foi o de homenagear o forró, mas serviu muito bem para comparações com o modelo de nosso futebol, que é o ¨daquele que está dentro não sai¨.

Clubes, Federações e Confederações retratam esse sistema cantado por Dominguinhos, onde existem os que desejam entrar, mas são barrados por aqueles que estão se locupletando da festa, que não temos dúvidas é excelente para esses.

Quantas vezes ouvimos dirigentes afirmarem que não aguentavam mais as críticas, que estavam cansados, e ao mesmo tempo não víamos nenhum movimento para deixarem os comandos.

Era apenas uma pirotecnia, e uma encenação teatral para chamar a atenção, e o desvio dos problemas.

Os clubes mudam de cartolas, mas os que saem permanecem no sistema, inclusive ocupando outros cargos, e participando das suas atividades.

Os que estão de fora não entram, porque a injeção de sócios-fantasmas influenciam nos resultados das eleições.

Todos ficam cantando ¨Isso aqui tá muito bom¨.

Quando se parte para as Federações, existem dirigentes que estão há décadas. Conhecemos alguns, e entre esses Antônio Aquino, do Acre, que na época que estávamos no Basquetebol, era presidente da entidade eclética que contemplava esse esporte, junto com o futebol e outros.

Isso na década de 80, e até hoje o cartola continua no comando da Federação de Futebol, sem que tenha promovido nenhuma evolução no setor.

Como ele existem dezenas que estão no sacrifício, mas não largam o ossinho, que lhes concede tantas benesses, fazendo que esqueçam os estresses da vida.

Continuam sobrevivendo por conta de Clubes Amadores da Capital e das Ligas, que só existem para a manutenção do poder. Quando sentem um sobressalto, vão para uma sala fechada e produzem novos eleitores.

É bom demais. Dominguinhos tinha razão.

Quando chegamos na Confederação aí é que ¨Tá bom Demais¨, quando um grupo assumiu e o comanda por mais de 28 anos, e continua mandando apesar de tantas denuncias de corrupção.

No fim do mês um polpudo cheque recompensa tudo aquilo que esses passam, desde que o sentimento de dignidade e de honra não faz parte dos seus vocabulários.

Como alguém pode ser ofendido diariamente, e não tomar nenhuma providencia para deixar o cargo? Uma resposta simples: faz parte do sacrifício, cuja recompensa vem através de benesses, algumas negociatas conhecidas até pelo FBI. e no final, contando com uma mídia amiga, que também gosta do ¨Isso aqui tá bom demais¨.

Os de fora desejam entrar não conseguem, pelos casuísmos eleitorais da entidade, e a última reforma do Estatuto a situação ficou mais cômoda, com o peso eleitoral das Federações.

Como na música, a vida se repete no futebol brasileiro, cujo comando vive no verdadeiro forró, sob o sono de um bom acordeon (sanfona), que insiste no refrão: ¨Isso aqui tá bom demais, quem está fora não entra, e quem está dentro não sai¨.

Não sai por que? O único que não está bom é o futebol. Difícil de entender.