O bom senso nos leva a absolver Doriva, técnico do futebol profissional do Santa Cruz, por conta da campanha do clube no Brasileirão, desde que esse assumiu o leme de um barco que tinha furos por todos os lados, e que seria quase impossível tapa-los. A tendência obvia seria o de afundar.
De forma estranha, o técnico deu uma pisada na bola ao solicitar da diretoria três novas contratações para compor o elenco, fato esse impossível de ser concretizado, desde que os bons jogadores já estão empregados e os que poderiam chegar certamente não seriam melhores do que aqueles que compõem o atual elenco.
Entendemos tal pleito como um ¨habeas corpus¨ preventivo para o que deverá acontecer no final da competição, com o possível rebaixamento do tricolor pernambucano. Se a diretoria atendesse e não desse certo, pelo menos tentou, e caso contrário não poderia ser culpabilizado desde que não foi atendido em seus desejos.
Na realidade o Santa Cruz tem que cozinhar com os ingredientes à sua disposição, e o técnico deverá separa-los para que o prato saia com um melhor sabor. A lógica mostra de forma bem cristalina, que reforços nesse momento não teriam um efeito positivo, a não ser que tivesse nomes como Messi, Suarez, Cristiano Ronaldo, Muller, ou outros que desequilibram uma competição. O que temos atualmente no mercado são atletas de medianos para baixo, e que pouco teriam para contribuir.
A situação do Santa Cruz é bem difícil. Sonhar não é proibido, e seria bom para o futebol de Pernambuco que isso pudesse acontecer, mas hoje o clube tem 96% de chances para a degola, restando apenas 4% para ser atingido em 14 rodadas que serão ainda realizadas.
Para que se tenha uma ideia real das dificuldades, o tricolor necessita de 8 vitórias e um empate para fugir do carrasco, 25 pontos em 42 a serem disputados, o que representaria 59% de aproveitamento, bem maior do que os 26% atuais. Além disso esse somou apenas 5 vitórias nas 24 rodadas.
Por outro lado, a distância para o Internacional, o primeiro de fora da zona de rebaixamento é de 7 pontos, o que demandaria 2 vitórias e um empate, e a necessidade de mais derrotas do Colorado gaúcho, e daqueles que estão à sua frente. Além disso a tabela é impiedosa para o Santa Cruz, desde que joga fora com quatro clubes que lutam pela permanência na competição, Figueirense, Internacional, Coritiba e São Paulo, e com um que luta pelo título, o Flamengo, e o Santos que almeja pelo menos a Copa Libertadores.
Como mandante tem adversários como o lider Palmeiras, Corinthians, Botafogo, Atlético-MG e Grêmio, equipes que lutam pelo G4. Sem dúvidas uma tarefa difícil para quem necessita de 8 vitórias e um empate. O momento é da razão, e não de sonhos, o planejamento que não aconteceu no início da competição deverá ser feito jogo a jogo, na busca do impossível que é bem difícil de acontecer.
O clube de Pernambuco luta também com todas as estatísticas, baseadas nos Brasileiros de outros anos, que rebaixou os clubes que estavam na mesma situação. O momento é de competir com dignidade, e terminar a competição de cabeça erguida. Não é por acaso, que tres dos quatro clubes ocupantes da zona de rebaixamento foram aqueles que tiveram o acesso em 2015, e não tinham a estrutura financeira para competir com os demais. Os resultados eram bem previsíveis.
São coisas do futebol brasileiro e de sua estrutura perversa.