O futebol brasileiro na última quarta-feira quebrou um recorde mundial, com a queda de mais um treinador, com o agravante na reta final de sua competição maior. A bola da vez foi Roger Machado, do Grêmio, que não resistiu a queda vertiginosa do seu time e dançou. O esporte da chuteira do Brasil não muda nada em seus conceitos, e falta-lhe o principal, a governança corporativa, responsável por um bom planejamento.
Com essa demissão, um fato assustador que preocupa aos que analisam o futebol. Dos vinte clubes disputantes do Brasileirão, apenas Dorival Junior técnico do Santos continua à sua frente, os dezenove restantes mudaram uma, duas e até três vezes de comando, sendo que no Flamengo, Muricy Ramalho deixou o cargo por doença, Ricardo Gomes do Botafogo, foi contratado pelo São Paulo e Edgardo Bauza que pediu demissão do time do Morumbi, para assumir a seleção da Argentina. A falta de conceito dos dirigentes leva a modificação constante de tais profissionais, como fosse uma solução para todos os problemas.
O problema é que a mudança nem sempre resolve ou modifica a rotina de insucessos que existia anteriormente, salvo obviamente raras exceções. Os cartolas reagem perante os erros que ajudaram a implantar, procedendo com a troca de comando de suas equipes. Tudo poderia ser resolvido com o planejamento. O treinador deveria ter o perfil desejado para a temporada, mas acontece o contrário, contratam sob pressão, e no final as trocas são efetuadas.
Uma análise do problema criado com a troca de treinadores, demonstra que aquele que inicia apresenta a sua visão de trabalho, traz consigo uma equipe, indica atletas, e na chegada do seu substituto, há um reinício, como nova equipe, indicação de novos jogadores, e assim por diante. Torna-se uma roda viva financeira, com altos custos, influenciando nos seus resultados. Se contratar o homem certo para o momento certo, tais fatos certamente não aconteceriam.
Um bom gestor deveria saber que na prática da administração, quando se troca uma pessoa que comanda uma empresa, ou uma equipe, começa um novo ciclo de aprendizagem, de um novo processo de trabalho, que demandará um tempo maior para a obtenção de resultados. Pesquisas realizadas mostram que nos primeiros jogos, o novo treinador consegue alguns sucessos, depois entra no mesmo processo do seu antecessor. É um ciclo vicioso, na maioria dos casos.
Ou mudamos essa filosofia danosa, ou iremos continuar a bater recordes nesse segmento, e ao mesmo tempo endividando os clubes com os distratos dos contratos. Se essas trocas dessem certo, América-MG e Santa Cruz estariam no G4 e não na zona do rebaixamento.