Charles De Gaulle, falecido presidente da França deixou para a história uma frase lapidar: ¨O Brasil não é um país sério¨.

Nem tanto ao mar, nem tanto a terra, na verdade nós formamos uma pátria surrealista, onde tudo acontece e a avacalhação é geral.

Avacalharam a intelectualidade, a educação, a saúde, a política, o futebol, a esquerda que em todo mundo é séria, mas na terra mãe essa é adoradora de corrupção e dos corruptos.

Acordamos ontem com o desejo de escrever uma postagem sobre a Pátria Brasil, seus filhos e sobretudo o seu sofrimento.

Buscando em nossos arquivos encontramos um artigo do jornalista e escritor Arnaldo Jabor, que é bem longo, mas alguns trechos foram separados, com o título ¨A Pátria que nos Pariu¨, e que se encaixa na linha do que iriamos escrever.

¨Hoje sou uma mãe dos desorientados. Sou a mãe dos velhos militares regressistas, comandando as massas imagináveis, sou a mãe suja dos corruptos, sou a mãe terrível que abandona os filhos nos corredores dos hospitais sem leitos.

Sou a mãe criminosa dos massacres, sou a mãe dos mortos nas prisões, sou a mãe das secas, a mãe da poluição, sou a mãe da fome, a mãe paralitica dos burocratas, sou a mãe dos pixotes assassinados, a mãe das putinhas dos garimpos, a mãe dos esgotos, a mãe do medo. Nunca sentira isso antes.

Sinto-me a mãe fragmentada, desmantelada por um velho desejo de desfigurar as instituições em que me apoio. Os homens que mandam no país não me querem, dizendo que me amam ou que amam o povo que não amam.

Nunca em minha vida de 500 anos vi este desejo cego de me ignorar (me louvando), um misto de estupidez com hipocrisia. Mas vejo que meu corpo é maior, que eu sou muito complexa para ser destruída, que as partes fundamentais da verdade vão prevalecer e me manter viva.

E em meio aos escândalos, aos roubos, a destruição (agora sim) do patrimônio nacional, vai aparecer meu novo rosto. Meu manto de estrelas será tecido de trapos e deixarei de ser uma deusa longínqua, uma ilusão, e aos poucos os brasileiros aprenderão a me chamar de ¨realidade¨.

Mas eu me prefiro assim, pois ressurgirei da morte das mentiras, hinos e os discursos corruptos que enganaram os meus filhos. E quando os sonhos falsos forem esquecidos, sob um céu de anil, entre rios e florestas, poderei fazer alguma coisa por vocês, filhos queridos¨.

Excelente e que completaríamos com: ¨Sou a mãe de um futebol apodrecido, dirigido por espertos e incompetentes, que o levaram ao fundo do poço¨.

Uma homenagem a sociedade do bem de nosso país, que felizmente é maioria, e que saberá dar a volta por cima, mandando para as grades os bandidos que tentaram destruí-lo.