O futebol de Pernambuco habita na terra do nada. Há anos que nada acontece.
Conversando ontem com um amigo antigo peladeiro, e que ainda gosta de acompanhar alguns desses jogos de bairros, em locais que escaparam da sanha dos espigões, ele nos dizia que não encontrava nenhum talento entre os seus participantes, bem diferente da época em que jogava. Ou seja não via nada.
Contou algo bem grave de que nessas peladas os mais jovens eram uma minoria, com uma maior participação de veteranos. Aliás isso nós já tínhamos observado tal fato há um bom tempo.
Essa é uma realidade bem clara daquilo que acontece no futebol de Pernambuco e que também se espalha pela Região Nordestina.
Há quantos anos não se revela um grande talento em nosso estado?
Há quantos anos os nossos clubes maiores não fazem boas negociações com jogadores?
As duas últimas que tiveram alguma expressão, foram as dos atletas Ciro e Gilberto do Sport e Santa Cruz respectivamente, ambas não desabrocharam.
Há quantos anos os clubes do interior não conseguem revelar um bom jogador? Acabam uma competição, entram em outra, e nada.
São detalhes que passam despercebidos de todos, e que apontam de forma bem clara uma realidade que representa a decadência do futebol de nosso estado.
Um fato estranho, é que os atletas que são formados nas bases dos nossos clubes não despertam o mínimo interesse em outras regiões, cujos times contratam os profissionais de outros estados, inclusive de divisões menores, e sequer um pernambucano é lembrado.
Na terra do nada, acostumou-se com a importação de pé de obra em quantidade, e o que se produz é muito pouco, e apenas para o seu gasto.
Lemos diariamente os veículos das mídias importantes do Brasil, e não encontramos nenhuma noticia da terra do nada, com relação aos nossos atletas, em especial os mais novos.
Na verdade os clubes apostam naqueles de fora, que pertencem aos empresários, ou alguns emprestados, cujo custo benefício é negativo, com salários pagos, expostos nas vitrines com o mercado acompanhando, e no final vão embora e todos ficam com nada.
Com relação aos jogos de várzeas, o poder público na realidade pecou em não deixar pelo menos um campo em cada bairro, e sem áreas disponíveis a prática do esporte foi reduzida, com uma menor possibilidade de novas revelações. Os governantes não fizeram nada.
Existe uma relação de causa e efeito nessa situação que tomou conta do nosso futebol. O atleta é um ativo do clube, serve para contemplar em negociação o seu caixa, e como isso não acontece, certamente reflete no seu orçamento, com custos em contratações, sem a contrapartida das transações. Fica em nada.
Obvio que certamente algo está errado e isso é fácil de ser percebido pelos que analisam esse esporte.
De formadores passamos a importadores, e o que formamos não se destaca para despertar interesses, e o mais grotesco é que os que participam no sistema deixam passar tais fatos, sem um esboço de qualquer reação.
Pertencemos hoje a um futebol do nada, na terra do nada, e que nada é feito para que se possa voltar ao mundo real, onde esse esporte tornou-se um nada.
Comentários
0#3RE: NA TERRA DO NADA —
PEDRO CORDEIRO25-07-2017 13:21
JJ: A CORRUPÇÃO DESTRUIU O FUTEBOL BRASILEIRO, COM AS SUAS RAMIFICAÇOES EM TODOS OS ESTADOS, E O QUE ASSISTIMOS É O REFLEXO DOS ACONTECIMENTOS. OS DEMAIS COMENTÁRIOS ESTÃO PERFEITOS.
0#2Quem restaura os corações dilacerados —
Beto Castro25-07-2017 12:52
Se pensarmos que o melhor futebol do Brasil, o Paulista, foi completamente destruído, dizimado e dilapidado em suas sessões profissionais e amadoras, de modo cruel e planejado, o que dizer dos outros 26 Estados. O segundo mais importante sumiu, faliu e se escafedeu, o Carioca. Os estragos causados pelo hiper, super, mega-ladrão em delação e com prisão decretada na Espanha e no mundo todo estão longe de serem avaliados. Os clubes assassinados, destruídos, levados à bancarrota e dissipados da existência entre profissionais e amadores é um verdadeiro holocausto nazista. Nem pena de morte e prisão perpétua consolaria os corações dilacerados pelos sistemas de degolação em massa organizados pelos carrascos das cinco gangues, que inclui a degeneração e a destruição das 27 Federações Estaduais de Futebol. Estados e cidades inteiras tiveram o seu futebol destruído de modo irreversível.
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