O jornalista Claudemir Gomes é um pensador do futebol, e isso ficou retratado em uma postagem publicada no dia de ontem em seu blog com o título de ¨A IMINÊNCIA DE UM HOLOCAUSTO¨.
Infelizmente hoje não se observa um debate adulto, inteligente sobre os assuntos que permeiam o esporte, e o tema do artigo sobre as atuais situações de Náutico e Santa Cruz, em comparação com a do Sport Recife, poderia ser o estopim para um diálogo mais produtivo sobre o assunto por aqueles que ainda pensam.
Há alguns anos estamos mostrando a decadência que tomou conta do futebol de nosso estado, e recordamos a conversa que tivemos com o falecido Carlos Alberto Oliveira, ex-presidente da federação, quando esse nos perguntava sobre a decisão de deixarmos o comando do futebol da entidade, quando respondemos: ¨O futebol de Pernambuco está morrendo, e daqui há alguns anos teremos apenas um clube nacional, e os demais minguando¨.
Isso aconteceu em setembro de 2010.
Não era uma profecia, mas uma realidade latente que vinha tomando conta desse esporte, e os resultados foram mostrados pelo jornalista em sua postagem, quando temos dois clubes na Série B com altas chances de caírem para a C, por conta de suas péssimas campanhas. Algo que poderá se tornar uma realidade.
Quando observamos os clubes que irão disputar a Série B local, vimos que não existe esperança para uma restauração em nosso futebol, desde que são apenas times, a maioria sem estádios, os que irão abriga-los são precários, sem torcidas e sem uma tênue esperança de futuro.
O negócio futebol é viável, mas a demanda não consegue sustentar o custo que é assumido pelos clubes, quando a oferta desse produto é exagerada. Isso vem acontecendo no Brasil.
Resgatar o futebol brasileiro não se fará apenas com a manutenção dos clubes de futebol, vai muito além disso.
A macroeconomia poderia ser utilizada para o entendimento do que vem acontecedo. Em alguns estados a demanda tornou-se pequena para atender os seus clubes.
São Paulo é um exemplo quando a Portuguesa foi se apequenando e hoje é apenas um ponto bem reduzido no horizonte futebolístico. Seria impossível acompanhar, Corinthians, São Paulo e Palmeiras, que absorveram a quase totalidade dos consumidores.
O mesmo irá acontecer no Rio de Janeiro com Fluminense e Botafogo, que foram perdendo a demanda para o gigantismo do Flamengo. Na verdade não houve migração de torcedores, e sim a falta de captação dos mais jovens, que sempre procuram os ganhadores, inclusive do exterior.
Em Pernambuco o problema vem acontecendo há alguns anos, com um clube tornando-se nacional, e os dois outros que tinham um bom número de torcedores estagnando, por conta da perda de demanda. A falta de títulos, as esporádicas presenças no Brasileirão refletem na captação de seguidores.
Quando se fala em fusão de clubes em nosso país, o mundo desaba, e os apaixonados não entendem que aqueles que reduziram o seu potencial, se unidos terão um grande crescimento da demanda, que repercutirá em todos os seus setores, em especial o financeiro. Preferem assistir a uma morte lenta para esses, a pensarem em algo que poderia representar os seus desenvolvimentos.
Imagine que ao dobrar o número de seus consumidores, o tamanho do salto que será dado. A paixão cega, mesmo com uma realidade palpável à sua frente, e falar em fusão é um crime de lesa pátria.
As atuais ambições esportivas, e a de entretenimento da sociedade brasileira não terá condições de prover os clubes que se intitulam como grandes. Alguns irão sucumbir.
Uma agremiação forte, com um bom número de torcedores, poderá negociar melhores condições com patrocinadores, montar um time que tenha chances reais de disputar as competições nacionais com dignidade.
Na verdade o que irá acontecer no futebol brasileiro será uma seleção natural, que provocará um grande estrago na perda de milhões de consumidores, como já vem sendo observado nos últimos anos, inclusive com o aumento na população dos que não gostam desse esporte, que é maior do que a maior torcida do Brasil, a do Flamengo.
O jornalista Claudemir Gomes deu o chute inicial para o debate, e os dirigentes deveriam dar a continuidade para que possam achar um caminho para os seus clubes.
Da maneira como vem acontecendo, infelizmente Pernambuco terá apenas um grande clube que poderá ultrapassar as suas fronteiras, e que poderá sofrer por falta da competitividade local.
Há muito tempo que esse esporte deixou de ser um brinquedo para os amadores, desde que tem na profissionalização um dos caminhos para a salvação.
Comentários
0#7RE: O FUTEBOL DE UM CLUBE SÓ —
CLAITON LIMA-RJ30-08-2017 20:59
JJ: Parabéns pelo artigo. Uma aula. Mandei para os meus amigos.
0#6RE: O FUTEBOL DE UM CLUBE SÓ —
PEDRO CORDEIRO30-08-2017 17:18
JJ: O artigo mostrou algo que é desconhecido dos torcedores e das mídias, a macroeconomia e demanda que influenciam no clube. Um exemplo a população do Recife cresceu pouco, pois se espalhou para a região metropolitana, e isso influenciou na formação de um novo quadro de torcedores.
0#5RE: O FUTEBOL DE UM CLUBE SÓ —
CARLOS ALFREDO30-08-2017 14:41
JJ: Tudo que está escrito nesse artigo está na realidade do futebol de Pernambuco. Quando vemos uma segunda divisão como essa, certamente o futuro será mais sóbrio. Clube sem estádios, e os que tem são precários para peladas. Parabéns mais uma vez por levantar um teme tão recorrente.
0#3Extermínio da Fauna —
Beto Castro30-08-2017 13:35
Quem liga para timbus, cobras corais, patativas, carcarás, pássaros pretos, leões famintos e outras espécies? A decepção dos adoradores de ratos com a doação de antas, macacos, gatos do mato, mutuns, onças, ariranhas, formigas, índios e centenas de outros animais para os zoológicos particulares dos canadenses e para o G8, nem desconfiam que também serão prisioneiros dos comedores de cachorros, escorpiões, moscas e baratas. O futuro do timbu não será diferente das 200 espécies já extintas e em processo de extinção. Agradeçamos pois, a Zé das Vacas e seus turcos e centuriões lagartixas associados deste mar de fezes. Que venham as cobras de duas cabeças tão sonhadas pelo adepto das heresias caricatas. Com apenas dois clubes, não sabemos como alimentar uma cobra com duas bocas.
0#2RE: O FUTEBOL DE UM CLUBE SÓ —
RUBRO-NEGRO30-08-2017 12:55
JJ: Tudo que está escrito no artigo é real. O futebol de Pernambuco apequenou-se, e os exemplos estão bem claros. Concordo com o Antônio Correia com relação as nossas mídias, que não pensam.
0#1RE: O FUTEBOL DE UM CLUBE SÓ —
ANTONIO CORREIA30-08-2017 12:49
JJ: Li o artigo de Claudemir que está muito bom. O amigo o analisou com competência e retratou uma realidade que a mídia de nosso estado é incapaz de reconhecer. Parabéns e ao mesmo tempo gostaria de endossar tudo que está escrito,
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