Sabemos que as chances de um time do Nordeste chegar no final do Brasileirão entre os quatro melhores é de 0,003%, desde que as diferenças financeiras são gritantes.

O abismo é profundo. Com relação aos nossos clubes é desejar que o impossível aconteça.

Na verdade, o que acontece em nosso futebol é uma total inversão de valores no tocante aos seus objetivos.

Essa inversão é latente, pois pelo que observamos os torcedores de nosso estado no Brasileirão torcem para que o seu representante não seja rebaixado, e não pela conquista de uma melhor classificação.

O problema está sendo estendido para os que disputam a Série B, que é uma competição nivelada por baixo, e por conta disso pelo que já foi Pernambuco no futebol brasileiro em épocas passadas, deveriam estar brigando pelo titulo. 

Estamos vivenciando um longo período de decadência profunda, ao entramos nas competições com cara de perdedores, e sem nenhum estimulo para uma melhor participação.

No Brasileirão as contas começam a ser feitas desde o seu inicio, não para a conquista do título, ou para as Copas Continentais, e sim para que o rebaixamento seja evitado. O número mágico para que isso não possa acontecer é gravado no vestiário.

Um verdadeiro surrealismo esportivo, onde o torcedor sai de casa com um terço nas mãos, ou uma bíblia se for evangélico, para rezar por um bom resultado do seu clube, com o intuito de não vê-lo rebaixado.

Realmente esse fato é muito difícil de assimilar, pois não torcemos por vitorias, e sim para que não tenhamos derrotas. Estamos na era da sofrencia.

Qual a motivação que tem um torcedor ao não vislumbrar nenhuma perspectiva de que o seu clube possa chegar entre os seis melhores, ou mesmo na primeira página da tabela, e sim vê-lo como um mero figurante sem direito a uma única fala, ou mesmo se contentando com a participação de uma primeira divisão.

Em nossa região a única alegria é de ser campeão estadual, em campeonatos obsoletos e jurássicos que não levam a nada, mas quem não tem filé come osso.

Trata-se de uma visão real do problema, e que infelizmente os nossos dirigentes ainda não atentaram para um fato de que se tivessem um bom planejamento mesmo com menores recursos poderiam levar seus clubes a melhores participações, pois estamos vivendo uma era de um futebol igualado por baixo, sem diferenças gritantes.

O Sport é o melhor exemplo, com uma folha salarial de R$ 4 milhões, acima de  muitos disputantes, e por conta de uma trágica gestão está na zona da degola.

Um bom planejamento, iria evitar a utilização da matemática, e os objetivos seriam outros, não os atuais, que são orientados para a permanência e não para as conquistas.

Um futebol surreal, onde se vibra com a manutenção na divisão, e não por uma boa colocação.

Na realidade, vivemos com um esporte da chuteira sem futuro, e isso é que precisamos mudar.