Em um mesmo dia tivemos a condição de observarmos a existência de dois mundos bem diferentes no futebol.
De um lado um jogo de alto nível, que imobilizou os espectadores por um pouco mais de noventa minutos.
O gramado do Santiago Bernabéu levou ao mundo um encontro entre dois bons times, Real Madrid e Paris Saint Germain, que deu a alegria para aqueles que gostam de um bom futebol.
A seguir passamos a assistir algumas partidas no Brasil, entre essas as do Afogados e Santa Cruz, e Fluminense de Feira e Náutico, que nos deram um choque de realidade em todo o seu contexto.
Jogos fracos, sem a menor qualidade, o que retrata o atual futebol brasileiro.
Na realidade é tudo que temos, mas em outras épocas o Brasil já foi importante nesse segmento, fato esse que a nova geração que o acompanha desconhece.
Sem nenhuma duvida éramos os melhores do mundo. Uma escola respeitada, e que transportou sua maneira de jogar para todo o planeta.
Nessa época o mundo ainda era redondo, e as comunicações eram mais restritas, mas o poderio do nosso futebol chegava a todos os rincões.
O interessante é que os recursos eram precários, não haviam as estrelas milionárias, com seus contratos mirabolantes, mas tínhamos craques que levavam torcedores aos estádios.
O Maracanã colocava 170 mil pessoas em um FlaxFlu. Hoje nos contentamos com um pouco mais de 20 mil.
A decadência aconteceu, inclusive a moral, com todos presenciando e fingindo que tudo estava muito bem, como na Ilha da Fantasia.
De repente a Europa descobriu o jeito de jogar do brasileiro, e adaptou ao seu futebol, que somado a uma organização impecável e sobretudo a uma cultura milenar, transformando-o em um esporte de qualidade, com vultosos recursos, e sobretudo com times com alto nível técnico que encantam a todos que assistem os seus jogos.
Os talentos brasileiros migraram para o novo paraíso. O jogador brasileiro perdeu a sua qualidade.
As partidas tornaram-se sonolentas, e muitas vezes violentas, os chutões imperam, os erros de passes ultrapassam a realidade, as faltas e simulações paralisam os jogos de maneira que os minutos jogados chegam a menos de 50%.
Não existe planejamento. As arbitragens também assumiram a mediocridade, são confusas e muitas vezes irresponsáveis, e a sua maioria atua sob pressão dos cartolas.
A imprensa esportiva teve uma queda vertiginosa, e pela manutenção dos empregos se submetem a linha adotada pelos donos dos veículos de comunicação.
Não se investiga, e as divulgações fazem parte do sistema mamão com açúcar. Por conta disso o poder do Circo continua firme e forte.
Por outro lado os treinadores continuam no século passado, mesmo os mais novos. Poucos estudam as táticas que correm o mundo, e com o agravante são auto-suficientes.
Fechando o ciclo vicioso, a cartolagem fala muita bobagem, e nada produz para melhorar o nível desse esporte.
Com todos esses ingredientes só poderíamos entrar em uma curva descendente, e isso refletiu no público que abandonou os estádios, fazendo com que esses ficassem ociosos, mesmo com uma melhora acentuada de qualidade.
O problema é que sabemos os nossos defeitos e nada fazemos para conserta-los.
Na verdade a preferência está sendo oferecida para a mediocridade, e sem nenhum interesse de voltarmos ao que éramos, os donos do futebol mundial.
O futebol brasileiro foi bom e não sabia.
Comentários
0#1RE: UMA TRISTE REALIDADE —
CLOVIS ARRUDA16-02-2018 17:45
JJ: O artigo mostrou algo bem real com relação aos dois mundos do futebol. O nosso estagnou, e o europeu evoluiu.
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