O Brasileirão deu o seu ponta pé inicial no último sábado, com 19 dos times disputantes com jogadores estrangeiros. A única exceção é o América-MG.
O clube que tem mais é o Flamengo com 5, seguido pelo Botafogo com 4. Argentina (15) e Colômbia (10), são os maiores fornecedores.
Nada temos contra essas presenças, pelo contrário são salutares, desde que reduzem os custos das equipes e equilibram o mercado.
Trata-se de um reflexo dos celeiros vazios que existem no futebol brasileiro, que foram retratados nos primeiros meses da atual temporada, com a realização de centenas de jogos referentes aos estaduais, e quando esses terminaram uma pergunta ficou no ar: Quantos jogadores foram revelados pelos clubes que são chamados de menores? Quantos estão nas prateleiras?
A resposta é simples: Raros.
No mundo da agricultura, o celeiro (silo) guarda a produção agrícola, e esse termo sempre foi utilizado no futebol, quando se apresentava o trabalho de base.
No Brasil futebolístico de hoje os antigos e os modernos silos estão vazios, sem produtos a serem colocados no mercado consumidor.
Em outras épocas, os clubes de menor porte, em especial os do interior, quando de suas participações nos estaduais, apresentavam alguns talentos, sempre aproveitados pelas agremiações de maior porte.
O fato produzia uma cadeira financeira, com aporte de recursos para esses clubes, por conta das negociações realizadas, e um custo menor para aqueles que contratavam.
O número de estrangeiros que foi citado mostra de forma clara que esses estão suprindo a ausência do celeiro, vazio há muitos anos.
Praticamente os clubes menores repetem as mesmas caras todos os anos, com jogadores rodados, as idades avançadas, e que não despertam nenhum interesse para aqueles que sempre tiveram nesse mercado uma boa fonte para matar a sua sede.
Tal fato não é exclusivo de um estado, e sim de todo o país, quando o aproveitamento acontece de forma pontual, desde que esses clubes quando não são de empresários, insistem com raras exceções no abandono ao trabalho de formação, que seria produtivo para todos, e para o contexto geral do futebol nacional.
Um dos maiores problemas do futebol do Brasil está centrado na ausência de produção do seu pé de obra. Na realidade existem talentos, mas o ciclo mudou totalmente o seu sistema de rotação.
Antes saiam das peladas das várzeas, hoje saem das escolinhas de empresários, que os conduzem diretamente para o exterior, sem passagem por nenhum dos nossos clubes.
Tais personagens influenciam na vida das agremiações, em especial nesse setor.
Esse é o buraco, e que não é debatido pelos segmentos interessados, cujos dirigentes assistem com passividade à evasão de atletas de bom nível, e formam seus elencos com jogadores medianos.
Na verdade, o futebol brasileiro só foi grande quando tinha seus celeiros bem abastecidos. O pulgão apareceu, contaminou a todos e os talentos desapareceram, causando o seu empobrecimento.
Tudo isso acontece, mas todos estão preocupados com o novo cabelo de Neymar.
Nós merecemos o que temos.
Comentários
0#1RE: CELEIROS VAZIOS —
ANTONIO CORREIA16-04-2018 12:29
JJ: Para comprovar esse artigo, basta ver o time do Sport ontem, com apenas Everton Felipe em poucos minutos, e um grupo de jogadores refugados. Parabéns pelo artigo.
Comentários
Assine o RSS dos comentários