Os sócios dos clubes brasileiros, como seus seguidores, ficam um ano na espera para conhecerem as suas situações financeiras.
Quando os balanços enfim são publicados, na sua maioria produzem um impacto negativo, quando as caixas pretas são abertas e os buracos apresentam os seus tamanhos.
Trata-se de um setor que não recebe fiscalização, desde que o órgão governamental criado para tal, a APFUT não funciona e vive apenas no papel.
Por conta disso o vermelhão atinge os seus resultados.
Não existe um controle financeiro nas entidades, tanto nas de administração do esporte, como nas de práticas desportivas. Os seus Conselhos Fiscais são formados por amigos dos dirigentes, as auditorias são contratadas pelos próprios, que não alertam para os problemas, e assim seguem um caminho que chegou a um beco sem saída.
Com a leniência do governo foi criado o Profut que parcelou de forma bem razoável os bilhões de reais referentes aos débitos acumulados, mas alguns já estão fora do processo por falta de pagamento das parcelas, ou seja as dividas voltam de forma integral para os seus balanços financeiros.
Na Europa o descalabro financeiro vinha preocupando os seus dirigentes e, assim, a UEFA implantou o Fair Play Financeiro que já está sendo cumprido, após uma quarentena para os ajustes necessários.
O Fair Play é nada mais, nada menos, do que pregamos há muitos anos, ou seja a necessidade de um controle financeiro do futebol, realizado por uma Agencia Reguladora. Temos uma que não funciona, uma verdadeira ASPONE.
Os cartolas não suportam a regulação do setor, posto que esse iria tolher muitos malfeitos que acontecem nos intramuros do futebol brasileiro.
Tem que ser exigida a disciplina e comprometimento financeiro racional de parte de todos os clubes, que deverão ser orientados a trabalharem de forma responsável, procurando compatibilizar as suas receitas com as despesas.
Medidas de controle financeiro são bem importantes para que o futebol seja viabilizado na sua parte de recursos, que é a espinha dorsal de uma boa gestão, partindo da necessidade de entender algo bem simples, de nunca gastar mais do que ganha, e sempre deixando uma reserva para as suas eventualidades.
Na realidade a base de todo o sistema é a regulamentação, e a compatibilização entre receitas e despesas, um binômio que pode levar um clube ao sucesso, se bem formatado, ou a falência se mal aplicado.
O controle financeiro mudaria a cara do futebol brasileiro, dando-lhe as condições para o crescimento sustentável, com custos dentro da realidade do país, e bem longe das insanidades que são cometidas no seu dia a dia.
Aquelas agremiações que não cumprirem as regras determinadas, poderão ser penalizadas, inclusive com rebaixamentos, ou exclusão das competições.
Um modelo simples e que pode transformar o futebol brasileiro, mas a cartolagem prefere apoiar os momentos de anarquia que esse esporte atravessa.