As presenças de América, Santa Cruz e Vitória-BA na zona do rebaixamento, com os dois primeiros já degolados, e o time baiano contando hoje com 51% de chances para que isso possa acontecer, é o retrato da má distribuição de receitas no futebol brasileiro. Com o aumento das cotas, isso era bem previsível para acontecer.
Os três clubes vieram do acesso de 2015, com recursos bem menores, embora o rubro-negro com uma maior participação, obvio que os elencos não seriam adequados para o nível da competição, e, somando-se a isso o amadorismo das suas gestões.
A média de permanência daqueles que ascendem à Divisão Maior aumentou para três anos, mas a dessa temporada foi de apenas um para os prováveis rebaixados, reduzindo-a para dois anos, ou seja uma gangorra, subindo e descendo com intensidade. De 2006 até o presente ano, quando o Brasileirão passou a ter 20 clubes, os times medianos tem participado ativamente do processo.
Alguns foram rebaixados e não mais voltaram. Fortaleza, São Caetano (2006), Payssandu, Juventude e América-RN (2007), Ipatinga (2008), Santo André (2009), Guarani (2010), Ceará (2011) e Portuguesa (2013).
O SANTA CRUZ foi rebaixado em 2006, voltou 10 anos após em 2016, e já está sendo degolado. Esperou um longo tempo para sentir o gosto da elite, e essa não aceitou a sua presença. Em 10 anos só esteve no Brasileirão por duas vezes, e visitou as outras divisões. Os demais clubes tem os seus momentos de altos e baixos, no sobe e desce com boa intensidade, como iremos mostrar nos números relacionados.
SPORT- Em 10 anos, foi rebaixado duas vezes (2009 e 2012). Jogou sete anos na Série A e três na B. Completou a terceira participação consecutiva.
ATLÉTICO-PR- Caiu em 2011, retornando no ano seguinte. Nesse período participou da Série A por nove anos, e apenas um na Série B.
CORITIBA- Foi rebaixado em 2009, tendo retornado em 2010. Está completando seis anos consecutivos na Série A. Participou por nove anos do Brasileirão e apenas um na Segunda Divisão.
PONTE PRETA- A equipe de Campinas teve duas quedas no período. Foi rebaixada em 2006, retornando em 2008. Em 2013 mais uma degola, retornando em 2014, completando dois anos seguidos nessa competição. São oito anos na Divisão Maior, e dois na Menor.
FIGUEIRENSE- A equipe catarinense também teve dois rebaixamentos. Em 2008, retornando em 2010, e 2012, retornando em 2013. O mesmo número de participações do time de Campinas.
AMÉRICA-MG- Dos clubes citados, esse é o que teve um maior número de participações na Série B. Foi rebaixado por duas vezes (2009 e 2013). Na Série A, atuou alternadamente por duas vezes, e oito na B. Nessa sua volta em 2016, só terá um ano de permanência.
CHAPECOENSE- O time de Chapecó ascendeu em 2013. Está participando do Brasileirão por três vezes consecutivas. É muito afoito.
Embora o NÁUTICO não esteja na Série A, verificamos que esse teve dois rebaixamentos e dois acessos, mas os seus retornos foram mais prolongados, com cinco participações em cada divisão.
Os clubes chamados grandes que foram rebaixados à partir de 2006, retornaram no ano seguinte. Corinthians (2007), Vasco da Gama (2008), Palmeiras (2012), Vasco da Gama (2013), Botafogo (2014), Vasco da Gama (2015).
Nos últimos quatro anos tivemos quatro quedas consecutivas de um clube da elite, e o Cruzmaltino do Rio de Janeiro é o maior cliente.
O interessante é que existe um ciclo vicioso na gangorra, onde as caras são sempre as mesmas. Até nisso o nosso futebol não se renova. Um time que é rebaixado na maioria das vezes, sempre retorna no ano seguinte.
Efeito financeiro que também acontece de forma inversa na Primeira Divisão, quando recebe os que subiram, mandando-os de volta. É o sistema gangorra.