blogdejjpazevedo

BlogdeJJPAzevedo.com

Escrito por José Joaquim

Por: Paulo Cézar Caju- O Globo 

Muita gente pede que eu escreva sobre estratégias de jogo, esquemas táticos, essas chatices que inundam os programas esportivos. Você liga a tevê para ouvir uma resenha divertida e vê essa garotada que nunca chutou uma bola na vida desenhando e analisando quadros cheios de setas coloridas, Se acham professores. Kkkk!

Esse é o problema do futebol, ficou acadêmico demais. Não sei se o Brasil é o pais onde mais se assiste futebol, mas com certeza é o primeiro lugar do planeta onde mais se joga. Por isso somos o país onde formam-se (hoje, deformam-se) mais jogadores. E com estilos diferentes porque brotam em todas as regiões: Rivaldo, de Recife, Tostão, de Minas, Sócrates, de São Paulo, Falcão, de Santa Catarina, e Zico, do Rio. Essa mescla sempre foi nosso diferencial.

Por isso, reclamo de uma escola com a cultura retranqueira. O futebol brasileiro sempre foi conhecido por surpreender os adversários com jogadas inusitadas e belíssimas. Me lembro de uma excursão ao México, com escala em Peru e Bogotá. O time do Botafogo havia passado horas e horas no aeroporto, as viagens eram bem cansativas. Durante o jogo, exaustos, ficamos tocando a bola, colocando o adversário na roda, sempre liderados pelo Gerson. Era um recurso para descansarmos.

Fazíamos isso com extrema facilidade porque o brasileiro cresceu jogando em espaços reduzidos, nas ruas, praias, salão e várzea. Podem acreditar. Isso faz uma tremenda diferença. O improviso sempre foi  nosso trunfo. Em 62, podem pesquisar, o Brasil foi campeão do mundo com vários titulares acima dos 30 anos.

Era obvio que os adversários menos técnicos precisavam frear isso de alguma forma e na Copa seguinte a Inglaterra venceu graças ao preparo físico. Tim um dos maiores estrategistas que conheci, certa vez mandou Luiz Claudio, do Flamengo, não me deixar jogar. Foi irritante, mas ele conseguiu. Mas o Tim formou um Bangu e um San Lorenzo maravilhosos, inesquecíveis. O problema é que hoje só se investe em marcadores em nossos clubes.

Em 1970, o nosso preparo físico precisou ser forte, por conta da altitude. Em 1974, falaram sobre inovação, Carrossel Holandês, com jogadores não tendo posições fixas. Balela! Brasil x Holanda foi um dos jogos mais violentos da história das Copas, e essa conversa de não ter posição fixa, nós já fazíamos há tempos.

Em 78, com Cláudio Coutinho, os treinamentos começaram a mudar e começou esse papo de apostar corrida. Os velocistas ganharam força. Mas havia uma pequena diferença, Dirceuzinho, Búfalo Gil e Zé-Roberto, por exemplo, corriam muito, mas jogavam uma barbaridade. Hoje só correm. No Sul, Minelli e Ênio Andrade ganharam títulos e notoriedade investindo no futebol força, com dois cabeças de área. Hoje, alguns times com até quatro.

A diferença, mais uma vez, é que a qualidade foi enterrada. Falcão, Carlos Roberto e Pintinho eram cabeças de área. Vejam a diferença! Hoje os técnicos são peças figurativas e suas comissões técnicas, enormes, ensinam futebol nas salas de aula, Tô fora!

Adoro Legião Urbana, mas não me convidem para essa festa estranha com gente esquisita.

Adicionar comentário


Código de segurança
Atualizar