O título desse artigo é da autoria do jornalista Luciano Martins Costa, que há anos foi publicado no site ¨Observatório da Notícia¨, o qual afirmou que ¨o futebol é a doença infantil do jornalismo brasileiro¨.
Na ocasião ele lembrou que em 1920, Vladimir Ilich Lenin, em um ensaio publicado, criticava a esquerda alemã por tentar isolar os dirigentes das massas operárias, acreditando que saberiam buscar seus objetivos, fazendo uma analogia com a imprensa esportiva, que finge que o futebol pode ver tudo só com o talento e a torcida, apesar dos problemas com a estrutura dirigente dos clubes.
Na última segunda-feira assistimos a alienação do setor através de duas solenidades para a premiação dos melhores do Brasileirinho. Como arrumar melhores numa competição fraca, sem qualidade, e com nada para se comemorar. Parecia que o futebol brasileiro era o melhor do mundo.
O jornalismo esportivo deixa de lado o seu espírito crítico, quando a bola começa a rolar e esquece totalmente o seu dever de formador de opinião. A maioria dos jogos são péssimos, mas alguns comentários nos levam à Ilha da Fantasia, quando mostram algo que na realidade não aconteceu.
Os desmantelos nos esportes são esquecidos, para dar lugar as louvações e ufanismos. Ignorar tais fatos, como os abusos cometidos na organização dos campeonatos, é sem duvida um comportamento infantil.
O maior exemplo é o Circo do Futebol e seus três ex-presidentes, onde o silencio imperou e poucas vozes foram ouvidas pedindo uma profunda investigação.
A cobertura do dia a dia dos clubes é praticamente um verdadeiro feijão com arroz. Criaram as famosas entrevistas coletivas, que são do nada para o nada. As mesmas conversas, as mesmas palavras, na maioria sem conteúdo. Uma verdadeira plastificação.
Muitas vezes ouvem um assessor de imprensa, que também nada de útil produz. Poucos conseguem levantar os seus problemas, e as coisas erradas que acontecem no entorno dos clubes. Aqueles que ousam divulga-las, são perseguidos e ameaçados da perda dos empregos.
O mais grave é o viés humorístico que tomou conta dos programas das televisões. Esses, com algumas poucas exceções, tornaram-se de um humor barato, depreciando o futebol.
O jornalismo é fundamental para a democracia, e nos esportes é da maior importância por ter poder de comunicação com os torcedores, e por conta disso, as suas opiniões e críticas são fundamentais, e com um potencial de alavancagem para o setor, que necessita de divulgação, mas, sobretudo, olhando para as mazelas que o aflige.
Sem um bom jornalismo não teremos um futebol de qualidade, em especial na luta contra os desmandos que tomaram conta desse esporte, que poderia contribuir para o combate ao modelo pernicioso que hoje está enraizado no segmento.
Mamão com açúcar é bom no café da manha, e não nos noticiários.
Pelo que acompanhamos, o futebol brasileiro está dormindo em um berço esplêndido, quando na realidade vive na mendicância.