Os estaduais estão sendo finalizados levando consigo as mazelas que afligem o futebol brasileiro. As críticas são generalizadas e a grande vilã dessa novela mexicana é essa competição.
Obvio que as mudanças são necessárias, mas falta ao debate as sugestões que possam ser analisadas para que um novo caminho seja traçado.
O calendário é prejudicial para os clubes e seus profissionais, pelo excesso de jogos, quando comparado ao do futebol europeu que contempla no máximo a um time jogar entre 62 e 65 partidas oficiais, se chegar a todas as finais das competições que participa. No Brasil pode se alcançar 85 jogos, ou seja uma média de 8,5 por mês.
As 18 datas disponibilizadas para os chamados estaduais poderiam ser aplicadas numa maior distribuição das diversas competições. Disso não temos a menor dúvida.
O futebol nacional precisa de um choque de realidade. Vive na era das ilusões, com a maioria de clubes sazonais, e que hoje pouco produzem na revelação de novos talentos.
Criou-se um paradigma de que uma equipe pequena sobrevive dos estaduais, o que não é a realidade, porque a maioria absoluta fecha as suas portas após os torneios e volta apenas no ano seguinte. São os Ursos do futebol em seu processo de hibernação.
Quando se discute o calendário nacional, existe uma miopia com relação aos menores clubes e só olham para os maiores. Existe uma sinergia entre esses, que exige uma adequação do sistema para suprir a extinção dos estaduais.
Na realidade precisa-se de coragem para atacar o assunto, com uma analise profunda por região, para que se possa separar aqueles clubes que tem condições de sobreviver ao capitalismo do futebol e que os demais possam tomar outro caminho.
A criação da Série E regionalizada é fundamental, a modificação do sistema das Séries C e D, para que essas tenham o mesmo regulamento das duas divisões maiores, e com um calendário para todo ano.
Temos equipes sem estrutura para o profissionalismo, e entendemos que deverão partir para o municipalismo a fim de se fortalecerem para o futuro, e então conseguirem agregar valores à sua demanda.
A temporada de 2019 irá ficar marcada como a que deu o tiro mortal nos estaduais, por conta da ausência de público nos estádios, e da mediocridade dos jogos.
Trata-se de um debate que não poderá ser feito de forma açodada, sob o risco da quebra de uma importante cadeia produtiva, que é composta de grandes e pequenos, mas que contribuem para o esporte.
Não podemos ficar com a atual situação, mas torna-se necessário que os caminhos sejam tomados com um único objetivo, a da perenização dos clubes que tem condições estruturais para o profissionalismo, e que esses joguem pelo menos 10 meses ao ano.
Sendo assim, os novos talentos irão surgir, e a cara do futebol brasileiro irá mudar.