blogdejjpazevedo

BlogdeJJPAzevedo.com

Escrito por José Joaquim

Um acontecimento nos fez trocar o artigo principal que estava pronto e que mostrava o mercado esportivo mundial do ¨matchday¨.

Assistimos uma cena em um local público que nos motivou uma nova postagem, quando um personagem teve uma reação veemente, que causou espanto a todos que estavam por perto, quando foi chamado de ¨seu¨ no lugar de doutor.

Nos lembramos de um artigo publicado em um blog português, de autoria de Fernando Moreira de Sá, com o título ¨O País dos Doutores¨, e que iremos transcrever na integra.

¨Hoje dei as caras com um cartaz da CDU da minha freguesia, cujo nome do candidato surgiu da seguinte forma: ¨Drª fulana de tal¨. Olhei segunda e terceira vez e imediatamente pensei: ¨está dado o nome para a minha próxima pasta no Aventar¨.

O meu pai farmacêutico de formação e profissão, tinha por hábito advertir algumas pessoas que o interpelavam por ¨Senhor Doutor¨ do facto de não ser esse o seu nome de baptismo. Logo de seguida, ironicamente: explicava o processo de baptismo, etc e tal.

Foi com ele que aprendi a não gostar dessa ¨cagança¨ portuguesa. Mais tarde, quando a idade começou a avançar comecei a ser tratado em determinados locais pelo mesmo ¨Senhor Doutor¨ e lá começava eu a explicar que não era, que não tinha ainda acabado o curso e mesmo , etc e tal. Ao ponto de ter deixado de ser cliente de um determinado restaurante da Maia por causa disso, o fulano dono do dito, começou a tratar-me por doutor, após lhe dizer que não o era, passei a ser engenheiro e a seguir arquiteto.

Após terminar a licenciatura, começou o massacre. Numa primeira fase expliquei que ¨Doutor¨ era o meu médico, depois anunciei que não passava receitas e, por fim, desisti tendo como resultado começar a ficar farto.

Nesse país de ¨doutores¨ e muito respeitinho, a maralha péla-se por ser tratada de ¨Dr¨ e nem vos digo a quantidade de vezes que recebo mails, sobretudo de trabalho, cuja assinatura surge como ¨fulano de tal, Dr¨, assim mesmo sem tirar nem pôr, pondo a nu os complexos de inferioridade que habitam no mais estranho dos seres. Mais engraçado e cômico é verificar o deleite de certos licenciados quando tratados por ¨Dr¨.

Não desmentem a coisa, antes pelo contrário, mesmo quando na presença de conhecedores de tal lapso. Recentemente, numa reunião, assisti a uma cena do gênero.

O sujeito da referência impávido, e sereno, até engrossou um pouco a voz, adaptando-se ao que julga ser o timbre mais correto para a qualidade em causa. Após a dita, em pleno elevador, o autor do lapso, virou-se para mim afirmando: ¨eu sei que o tipo não é doutor, mas foi por prazer de o ver todo empoado e pelo gozo do caricato da situação¨. Nem pestanejei tal a surpresa.

Neste país da ¨cagança¨ com toda a pujança já espero tudo, mas confesso a minha surpresa ao ver um cartaz da CDU, do partido intitulado ¨do Povo¨, a referencia ao titulo acadêmico. O que diria o saudoso ¨Zé Barbeiro¨, o verdadeiro comunista, ao ver uma camarada sua tão preocupada em passar receitas¨.

O interessante é que o Brasil também é o país dos doutores.

Adicionar comentário


Código de segurança
Atualizar