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Escrito por José Joaquim

Pernambuco não existe no cenário esportivo brasileiro, e em especial o nosso futebol. A imprensa do Sudeste não publica uma única linha sobre o nosso estado. Somos inexistentes, e isso mais uma vez comprovamos pessoalmente nas viagens que realizamos. 

Nada mais grotesco do que uma foto do presidente da entidade do futebol local, ao lado do gerente do Circo, o escondido Del Nero, e de um representante do Náutico, solicitando um bom árbitro para o jogo do Oeste.

No futebol antigo os dirigentes eram chamados de paredros. Usavam paletó e gravata e gostavam de um bom uísque e de uma conversa inteligente. Eram na verdade comandantes com credibilidade e conceito na sociedade, sempre recebidos pelas autoridades com o maior respeito, pois sabiam que estavam ali representando os seus estados, e não solicitando um favor pessoal, nem algo fora de propósito.

Na verdade o alvirrubro de Pernambuco preocupar-se com o Oeste, é sem dúvida a prova maior da decadência do futebol local, que a cada ano se reduz ao nada. O Náutico tem que focar os dirigentes do Atlético-GO, que irá enfrentar o Bahia, e que poderá dar o seu acesso, assim como acalmar o ambiente interno por conta dos bichos e salários atrasados.

Conversamos com amigos de Goiânia, e fomos informados que mais de 7 mil ingressos já foram vendidos para o jogo das faixas, e isso poderá dar um impulso ao rubro-negro para uma vitória. Entretanto os seus cartolas são complicados.

Quanto ao Vasco da Gama, qualquer ajuda do Ceará será difícil, e apesar das pressões, a tendência é de uma vitória do time carioca.

O mundo moderno, da internet, dos tablets, dos celulares da maior geração enterraram os paredros, dando lugar aos cartolas modernos.

Esses trabalham diferente, mais para o marketing pessoal, mordomias, viagens, e outras benesses. Os novos cartolas adoram uma entrevista, pensam mais em si do que na coletividade.

Pernambuco na época dos paredros tinha seus três clubes na divisão principal nacional. De repente, na ausência desses, diminuímos, e hoje iremos nos contentar com apenas um, que lutou o tempo todo contra a degola, desde que o segundo foi rebaixado. Integramos o sistema gangorra.

Sem os paredros os nossos clubes são os que mais atuam em horários impróprios, mas ninguém protesta, aceitam tudo com submissão.

Quantas tardes dos domingos o futebol pernambucano não teve jogos às 16h00? A televisão transmite para o estado partidas dos times do Sudeste, em especial dos queridinhos Flamengo e Corinthians.

Quantas vezes o cartola da entidade pernambucana foi ao Circo protestar contra tal discriminação? Muito pelo contrário, silencia, e viaja para tirar uma foto com um personagem que é a cara do Brasil da Lava Jato, pedindo um árbitro para o jogo de um filiado.

Retornamos ao tempo, com uma nostalgia, e na convicção de que éramos felizes e não sabíamos, com a presença de nossos antigos paredros, e que conhecemos bem de perto.

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