O consumidor vai ao cinema, compra o ingresso e assiste de forma integral o filme. O mesmo se dá com uma peça teatral, ou em esportes como o voleibol, basquetebol, tênis e tantos outros, cujo tempo de jogo em alguns vezes extrapola o esperado, mas sempre contemplando uma realidade previsível.
No futebol, e em especial o brasileiro, quem corre é o jogador e não a bola, como acontecia em outras épocas. Os craques do passado jamais jogariam no modelo brutal, eram bem refinados e tratavam a pelota com amor.
Existe uma pesquisa da FIFA, sobre a quilometragem que um atleta percorre no gramado. Algo que assusta, pois em alguns casos os números são relacionados a uma meia maratona, que faz parte do atletismo, e não desse esporte.
Para que se tenha uma ideia, o trabalho constatou que os zagueiros centrais correm 8 a 12 km numa partida, os laterais e volantes de 9 a 12 km, meio campistas de 11 a 13 km, e os atacantes de 9 a 10 km. Tudo isso sem tempo de reposição.
O reflexo de tal correria se dá através de faltas, que na maioria é utilizada para matar um contragolpe do adversário, que induz muitas contusões. A paralização é uma maneira de descansar da correria, e com isso consumindo o período de bola correndo.
O futebol é violentado e sua qualidade desaparece, como estamos presenciando no atual momento. Para que uma falta seja cobrada, em alguns casos passa em média de um minuto e o jogo é reduzido na sua contagem, que nesse fato não é contemplado nos acréscimos. O atendimento aos lesionados consomem mais tempo.
Uma partida de futebol tem em média de 93 a 98 minutos, contando com a bonificação dada pela arbitragem, mas nos campos brasileiros tem como bola corrida uma média de 52 minutos, ou seja pelo menos 38 minutos foram jogados fora.
Observamos tal fato na última quarta-feira no jogo entre o Vasco e Santos pela Copa do Brasil.
Na realidade o torcedor paga para assistir a um jogo de 90 minutos, e sai do estádio com o sentimento que foi lesado, por ter assistido apenas um pedaço do que o seu ingresso contemplava.
A sinergia entre correria e as faltas é indiscutível, e dessas para a paralização do tempo de jogo é bem visível. Torna-se um ciclo vicioso. A média de faltas em nosso futebol é de 30 por jogo, que é muito alta em relação aos outros países, em especial da Europa.
As faltas, aliadas a violência enchem os departamentos médicos dos clubes de clientes, o futebol no campo sente, e a qualidade despenca.
Da maneira que o futebol brasileiro adaptou-se a tal modelo, será muito difícil um retorno, e vamos continuar assistindo nos gramados os brucutus no lugar dos craques.
Comentários
0#3RE: UM FUTEBOL FALTOSO E COM POUCO TEMPO DE JOGO —
CARLOS ALFREDO26-04-2019 16:53
JJ: Assisto os jogos europeus e sobretudo os da Premier League. Nesses a bola rola, não tem simulações, os goleiros não vivem caindo, e os árbitros não são perseguidos. Em um jogo no Brasil que tenha 20 faltas, só isso consome em média de 18 a 20 minutos. No final a bola só rolou 52 minutos.
0#1RE: UM FUTEBOL FALTOSO E COM POUCO TEMPO DE JOGO —
PEDRO CORDEIRO26-04-2019 11:42
JJ: Uma boa análise sobre esse tema. Se joga muito pouco no futebol brasileiro. O resto do tempo é para cobranças de faltas, simulações dos jogadores, e com mais intensidade dos goleiros. Uma falta para ser batida leva mais de um minuto. Quanto mais faltas menos bola correndo,
Comentários
Assine o RSS dos comentários