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Escrito por José Joaquim

A internet matou o que se chamava de ¨furo jornalístico¨ que fazia parte do nosso jornalismo, sendo hoje substituído por reproduções de fontes sem as devidas apurações.

Na verdade o atual jornalismo esportivo brasileiro tornou-se sem duvida uma assessoria de imprensa dos clubes, desde que repetem as informações por essa distribuída.

O modelo adotado nas diversas entrevistas coletivas com apenas um profissional falando coisas sobre coisas sem nexo, matou o debate do futebol que passou a ser uma caixa preta, e que ninguém procura abri-la.

Vivenciamos um longo tempo uma época em que a busca pela notícia era o fundamento do jornalismo. As fontes sempre existiram, mas o jornalista saia de sua redação e tinha a preocupação de aprofundar naquilo que recebia. Os denominados ¨furos¨ faziam parte da vida de um bom profissional da imprensa. Tornava-se reconhecido.

O mundo globalizado tornou-se moderno com a sua tecnologia, mas chato e pragmático, tornando o jornalismo como repetidor de fontes. Abre-se um site, e esse serve como fator de reprodução da notícia. Não existe mais a busca para confrontar e esmiuçar a realidade dos acontecimentos. Hoje temos a era do google.

O segmento futebol foi o mais atacado pelo vírus do declaratório. A notícia pela internet se propaga mais rápida do que o rádio, de maneira mais acessível por conta dos modernos equipamentos em mãos da sociedade, e essa é repercutida por todos os setores sem a devida análise e apreciação.

As fontes existentes por conta dessa velocidade apenas produzem alguns fatos, e escondem os motivos pelos que esses aconteceram, e aí entra o jornalista na busca da ponta do iceberg, e não apenas contentar-se com o que informaram os portais de notícias.

Conhecemos de perto grandes repórteres e jornalistas que saiam em busca do ¨furo¨. Não existia a internet, mas em compensação as notícias eram completas, com as devidas análises e constatações.

Hoje nos contentamos com o que falam os cartolas e profissionais em entrevistas coletivas, mas as noticias verdadeiras vivem soltas nos intramuros dos clubes e poucos percebem.

O jornalista Erick Betting numa frase atestou tudo isso que estamos analisando: ¨Apurar não significa reproduzir as frases das fontes, mas ir além da superfície¨.

O futebol sente a falta dos ¨furos¨, e certamente vem influenciando nos problemas que o aflige, desde que o que se esconde por baixo do tapete não é revirado, e as notícias que os consumidores recebem são filtradas e postas com a autorização dos poderes dominantes.

Para que se tenha uma ideia sobre isso, o soco de Neymar em um torcedor francês teve uma dimensão reduzida em uma famosa emissora, por conta dos patrocinadores.

Simplesmente uma vergonha.

Os grandes escândalos brasileiros, na politica e no futebol, só vieram à tona com a apuração dos fatos, se não, estaríamos convivendo até hoje com as mazelas descobertas pela Lava Jato, ou tipo Ricardo Teixeira, José Maria Marin e Marco Polo Del Nero, que só foram banidos do futebol por conta de um jornalista britânico e não de um nativo.

O bom mergulho na notícia sempre foi, e continuará sendo, como a melhor estratégia de um ótimo jornalismo, e as escolas de formação deveriam ensinar tal conceito.

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