O Brasileiro de 2019 será o 17º na era do pontos corridos. Está saindo da adolescência para se tornar adulto.
Temos convicção que a fórmula é excelente, mas é atropelada pelas diferenças financeiras entre os clubes participantes que a cada ano se acentua mais.
A matemática financeira adotada nos 16 campeonatos já realizados, demonstra que as posições mais destacadas tem como donos cativos os clubes de maiores receitas, enquanto os demais se contentam em completar a tabela de classificação.
A má distribuição dos valores que são provenientes dos direitos de transmissão, faz com que alguns dos participantes joguem apenas contra o rebaixamento. É inusitado.
Os torcedores não conseguem vislumbrar algo no horizonte que não seja essa luta contra o descenso. Saem de casa para os estádios rezando contra a queda dos seus clubes.
Para que se tenha uma ideia, procedemos com um levantamento das participações na Copa Libertadores, e apenas seis clubes do pelotão mediano para baixo conseguiram ingressar nessa competição: São Caetano e Coritiba (2004), Sport (2009), Santo André (2005), Paraná (2007) e Chapecoense (2017/18). As demais vagas nesse período ficaram com treze clubes do eixo que domina o futebol nacional.
O modelo de pontos corridos tem méritos, inclusive de possibilitar que em alguns clubes as gestões fossem melhoradas, mas ocasionou uma distorção gigantesca nas disparidades financeiras entre os que são chamados de grandes e os menores.
É a eterna festa entre protagonistas e figurantes.
O domínio financeiro motivou a participação massacrante do Sudeste brasileiro, principalmente de São Paulo, que ganhou 10 títulos, enquanto Rio de Janeiro e Minas Gerais, somaram 3 para cada um. Nos últimos quatro anos os paulistas ganharam os troféus.
O sistema de pontos corridos obrigou os clubes a, mesmo de forma primária, investir no planejamento da temporada, tanto em termos técnicos como em termos financeiros.
Na verdade isso aconteceu, mas de forma amadora, entretanto o reverso da medalha é bem gritante, com a queda de competitividade, com a distância entre o primeiro e o último se acentuando cada vez mais, fato esse que é ocasionado pelas disparidades financeiras. A espanholização demorou mais está chegando ao território brasileiro.
Temos uma realidade e isso estamos discutindo há muito tempo, embora seja ignorada pelos que fazem o futebol no Brasil e pelo próprio governo, que a concentração de renda é perniciosa, não somente para o esporte, mas para o próprio país, que ajuda a frear o desenvolvimento.
Alguns clubes se empanturraram com as cotas pagas pela TV, com um sentimento equivocado que tudo vai bem, porém a realidade é outra e as notícias diárias confirmam através dos seus balanços.
Começamos o 17º Campeonato Brasileiro com dois clubes candidatos ao título, fato esse que vem ano a ano reduzindo a competitividade dessa competição.