A Sociologia nos explica que a sociedade precisa de ídolos, assim como esses precisam da sociedade. O ídolo é um outro que todos gostariam de ser. Ele representa o ideal para uma pessoa, e a sua imagem e os produtos que esse divulga atende aos interesses do mercado e da mídia.
O ídolo em qualquer segmento, desperta o interesse. No caso dos esportes, incrementa o público nos eventos, e ajuda a aumentar o índice de audiência das emissoras de televisão. Para conhece-lo, as revistas e jornais investem nesse, e as suas vendas sobem, assim como a audiência das rádios.
Hoje especificamente no futebol brasileiro, existe uma carência de tais personagens, desde que já não se encontra tantos craques em nossos clubes. É uma pobreza franciscana, e a partir disso muitas vezes se foca um atleta, cria-se um marketing pessoal e é instruído para dar uma frase de efeito ou um gesto de beijar o escudo do clube. As redes sociais ajudam, e nesse momento começa a tentativa de se criar um ídolo.
Um fato bem importante ocorrido nos esportes, foi a morte de Ayrton Senna, que deixou o mercado e a mídia em desespero, e tentaram criar um substituto, Rubem Barichello, que ficou com a obrigação de se tornar um novo ídolo desse esporte. Deu no que deu.
Tentaram com Massa e os resultados não foram os esperados, e a Fórmula 1 agoniza no Brasil, com pouca audiência.
Neymar tornou-se a esperança do mercado, e assumiu o papel de único ídolo do futebol e que poderia atender as suas necessidades. Hoje o jogador está mais exposto nas prateleiras comerciais, no que no próprio campo de jogo. É mais celebridade do que atleta.
Nos tempos atuais existe uma banalização do ídolo, por se tornar individual, e cada um escolhe o seu.
No futebol do passado, conquistava o torcedor dentro do campo, hoje é pela identificação com a torcida, que o elege por suas frases, pelos seus gestuais, e pelo que a mídia publica.
Estão criando personagens com pedestal de barro, quebram, e esses caem e desaparecem.
Certa vez assistimos a um programa do falecido jornalista Alberto Dines, quando ouvimos de um dos participantes cujo nome nãos nos lembramos, que deu uma excelente definição sobre o assunto, ao dizer que a mídia precisa de ídolos para sobreviver e ao mesmo tempo os ídolos precisam da mídia para crescer nos seus respectivos esportes, ganhar dinheiro e satisfazer a sua sede de fama.
Concordamos em parte, mas a mídia tem a obrigação jornalística, ética e moral de dar mais um instrumento para o público avaliar os ídolos e não assumir a avaliação. O errado é quando se procura dourar a pílula, e apresentar um produto que na realidade é pura pirataria.
Tivemos grandes ídolos e esses se perpetuaram, e Pelé é o maior exemplo. A criação forçada visa apenas a atender a uma necessidade do mercado, e isso não está correto.
Comentários
0#2RE: FABRICAÇÃO DE ÍDOLOS —
RUBEO-NEGRO20-05-2019 14:35
JJ: Me deparei com o comentário de Guilardo e resolvi pedir licença para assina-lo. Espetacular que à altura da qualidade do seu blog. Parabéns a Guilardo e ao seu artigo,
0#1RE: FABRICAÇÃO DE ÍDOLOS —
guilardo20-05-2019 13:08
Caro amigo. Eu iria tentar falar sobre o "show de horrores" que vimos ontem em Minas. Realmente uma das maiores peladas da década. Mas o seu artigo de fundo merece uma reflexão. A falta de ídolos ou o aparecimento de falsos ídolos pode afetar uma nação inteira. Lembrem-se da Alemanha com Hitler, a Itália de Mussolini e a Argentina de Perón. Deu no que deu. Aqui no Brasil, conforme disse você, tivemos dois verdadeiros. Um ainda vivo, o Pelé, o outro infelizmente nos deixou, o Senna. Daí para frente um vácuo que nos chama atenção. Três pilotos de F-1, o indefectível Piquet, Rubinho Pé de Chinelo e o insosso Massa. No futebol a imprensa do Sul criou centenas de ídolos, mas nenhum vingou. Exsurgiu o Neymar, que o amigo já dissecou exemplarmente. Um astro das baladas, nada mais do que isso. Na política nem falar. NINGUÉM se candidatou. Dois populistas surgiram. Um está preso por corrupção e o outro, recente, é o mais forte candidato ao hospício, tendo enganado toda a nação, oposição, situação e os próprios eleitores, inclusive eu. Uma desgraça que está nos colocando na beira do abismo. O Brasil está doente, sem ídolos, sem esperança. Algo de muito errado está ocorrendo. Dois presidentes sofreram impeachment, dois foram presos, e o último é um louco. O que mais nos reserva ? Será que ainda teremos um verdadeiro ídolo ? Duvido. Mas, afastando-se um pouco da loucura que nos cerca, quando o jogo do Sport começou eu fiz uma observação para o meu filho, que assistia comigo. " Disse que fazia tempo que eu não via um jogador tão ruim feito o zagueiro do América", um negro alto e magro que não lembro o nome. Durante todo o jogo errou os passes, deu bola voltando no fogo para o goleiro, espirrou bola para laterais, enfim, uma lástima. Disse eu, novamente, " esse cara vai entregar o jogo" . Não deu outra, no fim o negão quis arrancar a cabeça do atacante do Sport, fazendo pênalti. Perdeu o jogo. Quem sabe não poderia ser um bom ídolo para o nosso futebol ?...
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