O início da temporada do futebol brasileiro demonstra que não chegamos ao século XXI. Esse esporte no Brasil parou no tempo de no espaço, não se reformou. A entidade que tem o comando nas mãos é desacreditada, e não merece a menor confiança, e os fatos comprovam.
Nos lembramos de um pleito do falecido ¨Bom Senso¨, para que o mês de janeiro fosse de pré-temporada. Foi atendido no primeiro ano, mas a seguir a abertura total, ferindo o regulamento editado pelo Circo do Futebol, que não permitia jogos nesse período para equipes que disputassem as Séries A e B.
De forma irregular, várias competições estão em andamento nesse ano, com menos de 15 dias de preparação para os clubes, com jogos sem qualidade, e sobretudo sem público. Temos uma Casa da Mãe Joana, onde todos metem a colher no feijão. No final um desastre total.
O trem emperrou na estação do ano de 2000, e não conseguiu um maquinista para movimenta-lo. Os cartolas de hoje estão se espelhando naqueles pequenos circos que instalavam suas lonas em cidades bem longínquas, e cuja atração maior era a Mulher Barbada.
Os recursos afloraram, e voaram impulsionados por um tsunami de gastanças, quando esses pensaram que apurado era lucro. Deu no que deu. Acompanhando o país, que foi assaltado por uma quadrilha organizada, o nosso futebol vive dias difíceis na área financeira, afetando grandes e pequenos.
Os clubes adoram uma brincadeira, que é a de contratar jogadores. A cada DVD, uma boa conversa de um agente, uma nova figura aparece vestindo uma camisa. O elenco fica repleto de atletas que muitas vezes sequer entram no gramado.
Para que se tenha uma ideia exata da realidade, Cruzeiro e Atlético-MG liberaram 36 profissionais, que não tinham espaços nos seus times. Haja dinheiro.
Por necessidade financeira contrataram treinadores ¨Bossa Nova¨, deixando os do ¨Bolero¨ de fora. Uma tentativa de mudança salutar, mas com o serio risco de não dar certo.
No século XX alguns dirigentes tiravam recursos para sustentarem os clubes. Tivemos a era dos coronéis futebolísticos, que ainda persiste no novo século.
O futebol era romântico, embora de melhor qualidade, hoje é profissional para o resto do mundo, menos para o Brasil, que continua com os mesmos procedimentos.
Nos meados do século XX, nos anos 50, um presidente de um clube de Pernambuco após bancar com seus recursos grandes investimentos, e o retorno não aparecia, perguntou ao seu treinador: ¨O que estava faltando? O profissional respondeu: ¨entrosamento¨. De volta, o paredro afirmou: ¨Quanto custa? Contrate o entrosamento¨.
Sem duvida, pelo que vivenciamos no atual momento, e como continuamos ainda no século anterior, cedo ou tarde irá aparecer um cartola pedindo a compra do tal entrosamento.
Nesse futebol brasileiro, sem bons gestores de tudo pode acontecer, e isso seria mais um fato para enriquecer a sua história. Precisamos de maquinistas tanto para o Brasil, como para o futebol em especial.
Que sejam contratados.
Comentários
0#1Estamos na Época da Maria Fumaça —
Beto Castro30-01-2017 18:11
Andei muito nas Maria Fumaças da velha Great Western lá pelos idos dos anos cinquenta. O futebol paraibano era compatível com os amistosos dos clubes cariocas como Madureira, Olaria, Portuguesa e Bonsucesso que vinha uma vez por ano jogar no pequenino estádio Olímpico do Boi Só com apenas um lance de arquibancada. Hoje temos Arenas portentosas, mas não temos participação alguma que não seja nas terceiras e quartas divisões dos torneios engessados dos Bíblicos do Rio Jordão e adjacências. Odeio imitações caricatas dos domínios de Murdoch e Abramovich, mas as grandes nações do mundo estão na era do trem bala.
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