Os veículos de mídias do mundo, em especial da Europa, deram nas suas capas a detenção de Michel Platini pelas autoridades francesas na manhã dessa última terça feira.
A medida veio por conta das investigações sobre a corrupção para que a sede da Copa do Mundo de 2022 fosse realizada no Catar. Essa indicação foi realizada em 2010, quando o ex-jogador ocupava o cargo de Presidente da UEFA.
Em maio de 2015 começou a Lava Jato no futebol mundial, com a prisão de cartolas que estavam envolvidos no esquema de corrupção, e entre esses o presidente do Circo do Futebol Brasileiro, José Maria Marin. O processo foi comandando pelo Departamento de Justiça norte-americano.
O caso de Platini é a continuidade desse trabalho que tinha várias ramificações.
Ricardo Teixeira e Marco Polo Del Nero foram citados por várias testemunhas durante as investigações, inclusive pelo delator Jose Hawilla, como uns dos recebedores de comissões pelos contratos dos torneios sul-americanos e pelo voto favorável ao Catar. A Justiça brasileira até hoje está calada, e nada fez para investiga-los.
O livro Cartão Vermelho, da autoria do jornalista Ken Bensinger que acompanhou todas as investigações, inclusive com contatos com os Procuradores dos Estados Unidos mostra as suas participações.
Na página 239 tem um diálogo entre Hawilla e Alejandro Buzarco, um dos sócios da firma Torneos, com sede na Argentina, em que esse confidenciou ao empresário brasileiro, que os ¨três membros sul-americanos do Comitê Executivo da FIFA tinham pedido subornos em troca de seus votos relativamente ao local do Mundial de 2022, e que concordaram em dividir o bolo dos cinco milhões de dólares que lhes pagaram para patrocinar o Catar¨.
Porém, veio mais tarde a saber-se, contou Buzarco, que Ricardo Teixeira, do Brasil, na verdade, negociara um suborno de US$ 50 milhões, pelos votos e ficara com quase tudo, o que enfureceu os outros dois dirigentes- Julio Grondona e Nicolás Leoz. No bolo desse dinheiro estava também a comissão pela Copa Libertadores.
Com toda essa documentação da Procuradoria de Justiça dos Estados Unidos, no Brasil não teve nenhuma movimentação para que fosse aberta uma investigação, com exceção da CPI do Senador Romário que foi abafada pela Bancada da Bola.
O tempo ainda existe para que um processo seja iniciado, mas como moramos em um país que é abrigo dos valhacoutos, dificilmente irá acontecer.
Infelizmente o livro Cartão Vermelho não foi editado no Brasil, desde que a Editora Globo comprou os seus direitos e o escondeu em uma gaveta.