O debate sobre o futebol é muito pobre no Brasil, quando se discute o varejo e deixa-se de lado o atacado, que é a globalização do esporte. Na última quinta-feira um programa esportivo da ESPN-Brasil passou mais de 30 minutos discutindo com quem o torcedor gostaria de tirar uma foto. Algo que cheirou a banalidade.
Vivemos em um país em que os segmentos do futebol, em especial a sua cartolagem, ainda não tomaram conhecimento que o mundo é plano, e uma prestação de serviços pelo ¨call center¨ solicitada por um cidadão norte-americano, está sendo atendida no Paquistão. É o verdadeiro mundo global, e o futebol está integrado nessa revolução.
Na final da Liga dos Campeões da UEFA, todos os veículos de mídias do mundo repercutiram a partida que envolveu dois times ingleses, o Liverpool e Tottenham, e milhões de pessoas o assistiram. Isso se chama de globalização, quando o mundo deixou de ser redondo para tornar-se plano.
O atleta do século XXI é um profissional com pouca afinidade com o clube que defende, pois hoje está nesse, como amanhã vestirá a camisa de outro, e o seu relacionamento é idêntico a uma mercadoria na prateleira. As entidades internacionais que administram o futebol organizam competições sempre visando o sucesso financeiro. O romantismo acabou e hoje quem determina a realidade é o mercado.
Dentro desse contexto, o jogador tornou-se uma mercadoria, que é negociada para os diversos países do mundo, e numa característica bem diferenciada de outros profissionais que desejam trabalhar no exterior, onde se deparam com restrições, enquanto no futebol as portas estão sempre escancaradas e sem objeções ao seu ingresso. O número de atletas brasileiros que saem do Brasil é grandioso.
Infelizmente observamos que os nossos dirigentes não entenderam que o mundo teve uma grande transformação, e não organizaram as suas agremiações para tal, continuando no século anterior, ainda com o romantismo, onde a paixão supera os interesses comerciais. Hoje um clube tem que ser tratado como uma verdadeira empresa, e sua internacionalização é fundamental para o seu futuro e evolução.
A globalização interna é sentida em nosso país com dimensões de um continente, através da concentração de renda em determinadas regiões, com investimentos maiores, que deram condições para que os seus clubes, embora muitas vezes desorganizados, tivessem um crescimento muito razoável, enquanto as regiões sem tais suportes estagnaram, quando perderam o poder de competitividade, e não tiveram a menor percepção de que o eixo do futebol era outro, não modificaram-se, e enfrentam situações contrastantes.
O mesmo se dá com relação ao nosso eixo maior, com os clubes da Europa, que estão em outro patamar, bem longe dos brasileiros.