O Brasil é o país mais interessante do mundo. É o único em que o rabo balança o cachorro, ladrão é aplaudido e os honestos são sacrificados, intelectual não pensa, e o mais grotesco, a seleção de futebol é maior do que os clubes. Somos o país dos equívocos e dos equivocados.

A importância que se dá à esse time, tem uma dimensão maior do que a das agremiações que são a essência desse esporte. Trata-se de algo totalmente distorcido. A força motriz do Circo é a seleção, enquanto os filiados que fazem o jogo ser jogado são produtos de segunda categoria.

Na Europa acontece o inverso, quando os clubes são maiores do que os selecionados, que são comentados apenas durante uma Copa, e mesmo assim a Eurocopa para os países do Velho Continente é um torneio mais poderoso do que o Mundial.

Essa inversão de tantos valores se dá por conta da ausência de bons jogadores atuando nos gramados do Brasil. Os melhores estão na Europa, e só atuam juntos quando estão no time do Circo, enquanto os clubes europeus são seleções mundiais, com atletas de todas as nacionalidades, formando na realidade uma equipe universal, e que tem milhões de seguidores.

Hoje, com a globalização, mesmo atuando longe do país, são bem mais conhecidos do que os nossos, por força das transmissões dos grandes campeonatos.

Por conta disso, existe um apego tão grande a uma seleção, como fosse a salvação da lavoura e a garantia de um futuro melhor para o futebol brasileiro, o que na realidade não é um fato real e de fácil comprovação.

Clubes fortes, com bons jogadores atraem a demanda, e com um aditivo bem elaborado, a paixão dos seus torcedores.

Na realidade o sistema implantado no Brasil foi o de empobrecer aqueles que fazem o futebol, e fortalecer algo que assegura todos os altos salários dos dirigentes do Circo, como uma boa vaca leiteira.

Clubes fortes tornam-se independentes, mas existe uma barreira para que isso possa acontecer por conta dos cartolas medievais, suseranos que os tratam como vassalos, e isso já se alonga por muitos anos.

A história nos mostra que a Idade Média foi atropelada pela burguesia, que foi sendo formatada aos poucos, e finalmente assumiu o poder por estar fortalecida economicamente, e para o nosso Circo fato como esse não interessa, porque para os seus comandantes é melhor lidar com rotos e necessitados, do que com os bens vestidos e com dinheiro.

O ufanismo de nossas mídias com esse time do Circo é o retrato do sistema, que corre de maneira bipolar. De um lado algo que é pontual se torna perene e, do outro, os clubes que são perenes estão se tornando pontuais.

A modificação do sistema só irá acontecer quando tivermos bons jogadores em nossos clubes, e que a exportação de pé de obra seja reduzida, que se trata de algo muito difícil de acontecer à curto prazo, por conta das suas finanças.

Seleção não pode ser o tempo todo como o fator mais importante, e sim os clubes que fazem parte do dia a dia dos seus torcedores.