Quantas vezes encontramos uma mãe segurando o filho pelas mãos, esse todo vestido para o treinamento em uma escolinha de futebol de um clube ou particular. Empolgado a criança leva um sonho na cabeça: o de ser um jogador famoso.
Pela aparência, ele parece que tem entre 10 e 12 anos, idade em que deveria estar sendo iniciado na formação desportiva na escola, que é o ponto de partida desse processo, procedimento esse que é aplicado nos países desenvolvidos.
Certamente para treinar três dias durante a semana, e por uma hora, custará para a família entre R$ 100 a R$ 150, valores que muitas vezes fazem falta as suas mesas. Mas, o sonho de ser jogador do garoto tem que ser atendido, e que se tudo der certo esse no futuro irá ajudar a todos.
Mal sabem os seus pais, como o próprio jovem, que entre mil que vivem esse sonho, um é aproveitado para continuar no sistema, e na maioria das vezes não alcançam o sucesso. Deveriam saber que menos de 10% dos profissionais do futebol brasileiro recebem mais de um salário mínimo. Uma triste realidade.
Cenas como essa mostram a ausência do poder público nos esportes, desde que essa parte inicial seria de sua obrigação, com a escola ofertando a prática desportiva, como uma conscientização de que o esporte poderá dar uma excelente contribuição para o seu futuro. Trata-se daquilo que chamamos de iniciação esportiva, que não irá formar praticantes de uma modalidade, e sim inseri-los no sistema para o desporto infantil e juvenil.
O Brasil é um país com 210 milhões de habitantes, e pela falta de um trabalho sério da formação, não consegue se tornar uma potencia desportiva. Suas conquistas são pontuais.
Garoto de 12 anos não deve estar numa escolinha de futebol, e sim numa escola que deveria oferecer-lhe a iniciação esportiva, e após as escolhas encaminhar-lhe para os treinamentos, que poderão ser na própria ou em clubes, onde poderão trabalhar nas especialidades que foram escolhidas, e aqueles com talentos serão encaminhados para a profissionalização.
Trata-se de um processo que requer uma estrutura nas escolas para o atendimento, e ai já começamos derrotados pelas suas condições, outra derrota está na falta de equipamentos esportivos, e sobretudo de professores competentes e bem pagos.
A Prefeitura do Recife tem um bom projeto, que é o Compaz, mas o custo é muito elevado para amplia-lo. A iniciativa privada deveria participar, mas não o faz.
A educação é o principio, o meio e o fim de tudo, requisitos esses que o Brasil não tem, e por conta disso vamos continuar a encontrar nas ruas mais jovens vestidos de atletas em busca de um sonho que infelizmente para 99% não será alcançado.
O dinheiro que foi roubado dos cofres públicos nos últimos anos, daria para um grande projeto de iniciativa esportiva em todo o país, e ainda sobraria troco.