O século XXI entrou na sua 17ª primavera, e o futebol brasileiro ainda não conseguiu a sua estabilidade necessária para a evolução.
Vive de altos e baixos e com os mesmos problemas, clubes com maiores recursos, caixas vazios, jogadores sem apego as camisas, talentos sendo entregues para o exterior, e sem craques em nossos gramados. Esse é o testamento desses anos do novo século.
O interessante que tudo isso acontece, e nada se faz para que a situação seja revertida.
Qualquer estudioso do futebol sabe muito bem que os problemas que o afetam, além das péssimas gestões, estão relacionados a falta de uma legislação esportiva que forneça segurança aos clubes formadores.
O fim do passe foi sem dúvidas um avanço, mas um golpe foi dado quando o legislador deixou de proteger o trabalho de base e os clubes que o fazem, ou seja, deu o ponta pé inicial para a atuação dos empresários que passaram a dominar o setor. Algumas mudanças aconteceram, que foram do nada para o nada. Pouco mudou.
O jogador formado poderia ir para um outro clube, desde que trata-se de um direito democrático, mas com uma compensação através de cláusulas penais maiores e garantidoras para os clubes de origem.
Para que não percam os seus direitos, os clubes fatiam os seus atletas com agentes do futebol, que legalmente não poderia acontecer, mas como vivemos no Brasil, país das maravilhas, sempre o jeitinho é dado, sob olhar complacente dos que fazem o Circo.
Quando acontece uma negociação, a parte menor cabe sempre ao clube, com raras exceções como a de Neres do São Paulo, que tinha a integralidade dos seus direitos.
As ações dos empresários do futebol tem vários tentáculos. São os responsáveis por transferências nacionais, internacionais milionárias, e se apossam dos jovens talentos desde as suas infâncias. Os jogadores se transformam em mercadorias nas suas mãos, enquanto os clubes são sucateados, por conta das suas instabilidades financeiras.
Vivenciamos alguns fatos que mostram a realidade de tais atuações. Muitas vezes jovens são reprovados nos clubes e, logo após, se reapresentam na companhia de um empresário, que já é dono dos seus direitos, através de uma procuração.
Assinam contratos, aparecem no mercado, e no final aqueles que os colocaram nas vitrines recebem um pequeno percentual. O jogador que seria uma descoberta de um clube foi terceirizado por um agente de plantão. Em alguns casos o lucro é dividido com dirigentes que fazem parte do esquema.
A decadência do futebol brasileiro se deve em muito pela falta de um bom trabalho de base. Existem algumas exceções, com algumas agremiações com bons centros de formação, mas ainda dependentes dos empresários ou procuradores.
Uma das soluções seria a da criação de um órgão gestor de carreiras, sob a administração dos próprios clubes, sem a interferência de terceiros, que daria um grande passo para a restauração do futebol.
Na verdade do jeito que estamos caminhando, o futuro do futebol brasileiro é incerto e não sabido.