Existe um debate constante sobre a decadência do futebol brasileiro, que claramente é um fato real, mas todos estão preocupados com os débitos dos clubes, deixando de lado o seu problema maior que é o do desequilíbrio financeiro provocado pela indecente distribuição de rendas.
A visão dos nossos dirigentes é curta, pois não consegue alcançar algo por demais importante para o crescimento do esporte, que é o equilíbrio competitivo, fazendo com que as forças fiquem mais ou menos equivalentes e, assim, consiga o interesse dos consumidores, que torcem por uma maior igualdade das competições, para que as incertezas sejam criadas.
O torcedor não irá prestigiar um evento que existe uma certeza final de quem será o vencedor, e isso vem acontecendo em nosso país nos últimos anos.
Fortalecer equipes é também fortalecer a competição, e isso se faz com a distribuição mais isonômica dos recursos. A distribuição de renda tem que ser tratada como assunto estratégico. Por uma questão de sobrevivências de todos, os maiores terão que abrir mão de algo, para que os menores tenham suas receitas ampliadas, de forma justa e que traga o equilíbrio competitivo aos campeonatos.
Na Europa existem vários formatos nas suas diversas ligas, com um sistema de parcelas fixas e variáveis com vários critérios, mas todos visando a maior equidade.
Nas principais Ligas dos Estados Unidos, inclusive a que comanda o futebol (MSL), as receitas são distribuídas de forma igualitária, o que permite as equipes de pequenas cidades competirem com igualdade com as das maiores.
O equilíbrio financeiro melhora a competitividade dos torneios, e com a incerteza dos resultados maximiza as suas rendas.
Para que isso possa acontecer, necessitamos de várias mudanças, e a principal seria a da profissionalização do setor, com pessoas que entendam de maximização de receitas e sobretudo percebam que o sistema atual levou o futebol a momentos difíceis e terá que ser modificado, queiram os interessados pelo caos, ou não.